Marco Cepik, o novo diretor-adjunto da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), se pronunciou nesta quarta-feira (31), apenas um dia após ser nomeado para o cargo, sobre as investigações acerca do aparelhamento bolsonarista no órgão.
“O avanço das investigações apontam para isso [a Abin paralela]. Temos que aguardar o final do processo investigatório nas três instâncias administrativas e criminal, para verificar a comprovação não só sobre se houve, mas sobre quem estava ali. Todos os indícios que se tem é de que havia sim”, afirmou.
Te podría interesar
A declaração foi dada ao programa Estúdio i, da GloboNews, que entrevistou o novo diretor. Ele explicou a função da agência e garantiu que “não existe Abin do Lula”.
“A Abin não pode fazer condutas que violem a informação privada do cidadão. Ela não monitora pessoas, não bisbilhota a vida das pessoas. Se isso aconteceu, e é isso que está sendo apurado, é claramente um desvio de função”, concluiu a fala.
Sobre os detalhes do escândalo, ele não descarta a possibilidade de a promotora do caso Marielle Franco ter sido monitorada, mas rechaça que a cúpula da Abin tenha atrapalhado as investigações posteriormente. Também acredita que não foi um erro do novo diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, manter agentes que já vinham do período Bolsonaro.
“Nós insistimos na importância de ter uma política de reestruturação do sistema brasileiro de inteligência como parte do esforço para relançar as instituições brasileiras que haviam sido fortemente atacadas durante todo o governo anterior. Foi um governo de profunda desorganização institucional de processos internos e, também, tentativa de captura de algumas dessas instituições”, finalizou.
Cepik é cientista político e atuava como chefe da Escola de Inteligência da Abin antes de assumir o atual cargo. Também foi diretor do Centro de Estudos Internacionais do Governo (Cegov) em Porto Alegre.