No âmbito de uma investigação sobre suposto esquema de rachadinha no gabinete do deputado federal André Janones (Avante-MG), a Polícia Federal pediu o Supremo Tribunal Federal a quebra dos sigilos bancário e fiscal do parlamentar e dos seus assessores investigados. O pedido dos federais tem como objetivo dar prosseguimento às investigações, uma vez que encontraram inconsistências e contradições nos depoimentos colhidos até aqui.
“As diligências concluídas até o momento sugerem a existência de um esquema de desvio de recursos públicos no gabinete do deputado André Janones”, diz a conclusão do pedido.
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As investigações começaram no último mês de novembro quando uma mensagem de áudio de Janones caiu na imprensa. Nela, o deputado dizia a assessores que alguns deles teriam de devolver parte do salário para ajudar a pagar dívidas contraídas em 2016, nas eleições municipais daquele ano.
Um mês depois o ministro Luiz Fux, do STF, atendeu pedido da Procuradoria-Geral da República e abriu o inquérito que ora investiga Janones. Nas redes sociais, o parlamentar comentou o pedido da PF.
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“Me causa estranheza a PF pedir a quebra de meu sigilo fiscal e bancário, sendo que eu já os coloquei a disposição desde o início das investigações e até hoje não fui sequer ouvido. Mais estranho ainda é apontarem como ‘suspeito’, um depósito feito quando nenhum dos assessores investigados trabalhavam mais em meu gabinete. Como eles devolviam salário 3 anos após serem exonerados?”, questionou.
Janones conclui sua mensagem se dizendo “absolutamente confiante” em sua absolvição. “Eu não devo, quem deve são os Bolsonaros, que recorreram até a última instância pra não terem seus sigilos quebrados, e até hoje não justificaram como conseguiram comprar 70 imóveis em dinheiro vivo”, concluiu.
O que diz a PF
A PF ainda não ouviu Janones, mas já colheu depoimentos dos assessores envolvidos na denúncia. Alisson Alves, um dos servidores, teria dito à PF que nunca devolveu salários ao parlamentar. Mas ele acabou flagrado nas gravações que dispararam a investigação. Questionado, disse que era apenas uma desculpa para não emprestar dinheiro a um amigo. Ele ainda teria dito que fazia saques de R$ 4 mil com alguma frequência. O valor é, segundo a PF, próximo ao que foi apurado pela investigação em relação ao servidor.
“Embora os assessores neguem envolvimento no esquema de ‘rachadinha’, as discrepâncias em seus depoimentos evidenciam a necessidade de um aprofundamento nas investigações. Afinal, é crucial considerar que todos os assessores investigados ainda mantêm vínculos com o deputado federal, dependendo de seus cargos ou para a sobrevivência política ou para sua subsistência”, diz o documento da PF.
Além disso, a PF aponta que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), identificou o recebimento fracionados de transferência via Pix, vindas de assessores. Da ex-secretária Leandra Guedes Ferreira teriam sido R$ 7,5 mil entre dezembro de 2022 e novembro de 2023. E em julho de 2023 teria recebido 9 depósitos anônimos que totalizam R$ 15 mil.