Mohana Lessa, filha de Ronnie Lessa, enviou nota a Juliana Dal Piva, no site ICL Notícias, sobre a suposta delação premiada firmada pelo pai junto à Polícia Federal (PF). Aos investigadores, Lessa teria apontado o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ex-deputado Domingos Brazão como mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes em março de 2018.
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Mohana foi citada na investigação pela primeira vez em 2019, quando o então delegado do caso, Giniton Lages afirmou que havia informações que ela teria namorado Jair Renan Bolsonaro, o filho "04" de Jair Bolsonaro. Lessa e Bolsonaro eram vizinhos no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, onde o ex-PM foi preso pela primeira vez.
À época, Jair Renan teria ligado para o pai e dito que "namorei o condomínio inteiro, não lembro bem dela”. Mohana chegou a ser indiciado juntamente com o pai pela Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme), do Rio de Janeiro por tráfico internacional de armas.
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À Juliana Dal Piva, ela afirmou que não vê o pai, preso na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso, há seis meses e que desconhece qualquer acordo de delação.
Na nota, Mohana vai além e diz que cortará relações com o pai, caso ele admita que assassinou Marielle para firmar o acordo.
Segundo ela, Lessa "garantiu sempre que era inocente" e que, por esse motivo, há quase cinco anos se dedica "101% a provar a inocência do meu pai no Caso Marielle e Anderson".
"Com os últimos acontecimentos, o que posso falar em nome de toda família é que: SE ele realmente cometeu esse crime, com toda dor no meu coração, nós não poderemos mais ter qualquer tipo de relação com ele. Essa atrocidade vai contra tudo o que somos e pensamos. E, se eu realmente perdi todo esse tempo tentando provar algo inexistente, não me restará escolha a não ser pedir que Deus o abençoe em seu caminho, que será longe do meu. Minha esperança para que tudo isso seja mentira continua acesa. Até o último segundo, eu preciso acreditar no melhor”, afirma no texto.
PF e Dino negam acordo
Em nota divulgada na noite desta terça-feira (23), a Polícia Federal (PF) negou que tenha feito um acordo de delação premiada com Ronnie Lessa.
Informações divulgadas pelo site The Intercept afirmam que Lessa teria firmado a delação com a PF - ainda não homologada pela Justiça - e apontado o ex-deputado e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), Domingos Brazão, como mandante do crime.
Na nota, a PF ressalta que "até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário".
A única delação, segundo a PF, foi feita em julho do ano passado com o ex-PM Élcio Queiroz, que dirigiu o carro que levou Lessa ao local do crime.
Mais cedo, o ministro da Justiça Flávio Dino já havia se antecipado e disse desconhecer que haja outra delação.
"Os desdobramentos dos atos daquele delação [de Élcio de Queiroz] podem levar, claro, a outras delações, eventualmente. Neste momento existe outra delação? Que eu tenha notícia, não. Não há nenhuma delação porque juridicamente só há delação, quando há homologação", afirmou Dino.
Caso tenha sido firmado o acordo de Ronnie Lessa com a PF, a delação precisa ser homologada pelo ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Alinhado ao bolsonarismo, Araújo ainda não divulgou quaisquer decisões e nem se pronunciou sobre o caso.
A reação de Dino e da PF mostram a preocupação do Palácio do Planalto com o suposto vazamento das informações. Para o governo Lula, a divulgação de dados não oficiais podem prejudicar as investigações.