MARIELLE FRANCO

Ronnie Lessa teria dito que Marielle foi morta por disputa de terras

A delação premiada do ex-PM foi para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ); isso indica que o nome citado tem foro por prerrogativa de função

Marielle Franco.Créditos: Bernardo Guerreiro/Reprodução
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O ex-sargento da PM Ronnie Lessa, acusado de ser o autor dos tiros que mataram a ex-vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, teria afirmado em delação premiada à Polícia Federal (PF), ainda não homologada pela Justiça, que a vítima virou alvo por defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda.

Marielle ainda queria, segundo Lessa, que o processo fosse acompanhado por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.

Lessa teria dito à PF que o mandante do crime, por sua vez, buscava a regularização de um condomínio inteiro na região de Jacarepaguá sem respeitar o critério de área de interesse social, ou seja, o dono tinha renda superior à prevista em lei. O objetivo seria obter o título de propriedade para especulação imobiliária.

A questão da regularização fundiária já tinha surgido em 2018, na investigação da morte de Marielle e do motorista Anderson Gomes.

A delação premiada de Lessa foi para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Isso indica que o nome citado pelo ex-PM tem foro por prerrogativa de função. Caberá ao ministro Raul Araújo decidir se aceita ou não o acordo de colaboração.

Confirmou delação de Elcio Queiroz

Ronnie Lessa confirmou em delação premiada o que já havia contado em julho do ano passado o ex-PM Elcio Queiroz, que dirigia o carro usado para cometer o crime.

O empresário e ex-deputado estadual, Domingos Brazão (MDB), segundo Lessa, foi um dos mandantes do atentado que matou a vereadora e seu motorista.

Brazão, de 58 anos, foi vereador, deputado estadual por cinco mandatos consecutivos (1999-2015) e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do (TCR-RJ). Uma série de polêmicas e processos envolvem seu nome ao longo de seus mais de 25 anos de vida pública.

Já foram levantadas contra ele suspeitas de corrupção, pela qual foi afastado e depois reconduzido ao cargo de conselheiro do TCE-RJ, fraude, improbidade administrativa, compra de votos e até homicídio.

A informação de que Brazão foi citado em delação por Lessa foi confirmada pelo Intercept Brasil por fontes ligadas à investigação.

Lessa está preso desde março de 2019 acusado de ser o autor dos disparos que mataram Marielle e Anderson. O acordo de delação premiada que ele fez com a Polícia Federal (PF) ainda precisa ser homologado pelo Superior Tribunal de Justiça, o STJ, pois Brazão tem foro privilegiado por ser conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.