Em nota divulgada na noite desta terça-feira (23), a Polícia Federal (PF) negou que tenha feito um acordo de delação premiada com Ronnie Lessa, acusado de ser o executor do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
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Informações divulgadas pelo site The Intercept afirmam que Lessa teria firmado a delação com a PF - ainda não homologada pela Justiça - e apontado o ex-deputado e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), Domingos Brazão, como mandante do crime.
Na nota, a PF ressalta que "até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário".
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A única delação, segundo a PF, foi feita em julho do ano passado com o ex-PM Élcio Queiroz, que dirigiu o carro que levou Lessa ao local do crime.
Aos investigadores, Queiroz já havia apontado Brazão como mandante do duplo assassinato, ocorrido em março de 2018.
"A divulgação e repercussão de informações que não condizem com a realidade comprometem o trabalho investigativo e expõem cidadãos", afirmou a PF na nota divulgado após o suposto vazamento das informações.
Mais cedo, após reunião de transição com Ricardo Lewandowski, o ministro da Justiça Flávio Dino já havia se antecipado e disse desconhecer que haja outra delação.
"Os desdobramentos dos atos daquele delação [de Élcio de Queiroz] podem levar, claro, a outras delações, eventualmente. Neste momento existe outra delação? Que eu tenha notícia, não. Não há nenhuma delação porque juridicamente só há delação, quando há homologação", afirmou Dino.
Caso tenha sido firmado o acordo de Ronnie Lessa com a PF, a delação precisa ser homologada pelo ministro Raul Araújo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Alinhado ao bolsonarismo, Araújo ainda não divulgou quaisquer decisões e nem se pronunciou sobre o caso.
A reação de Dino e da PF mostram a preocupação do Palácio do Planalto com o suposto vazamento das informações. Para o governo Lula, a divulgação de dados não oficiais podem prejudicar as investigações.
Segundo Malu Gaspar, no jornal O Globo, integrantes do governo teriam relatado que familiares estariam pressionando Lessa a desistir do acordo por medo de represálias.
Lessa está preso na na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso, ao menos até o dia 21 de março. Ele teve um pedido negado pela Justiça para cumprir pena no Rio de Janeiro devido a “altíssimo grau de periculosidade”, com “potencial de desestabilizar” o sistema prisional fluminense.