O movimento tem duas mãos. De um lado, auxiliares aconselham o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a se aproximar do público evangélico que, até então, tem se mantido fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Por outro, lideranças do segmento religioso querem uma atenção maior do presidente.
E Lula parece estar propenso a se reaproximar do nicho, segundo fontes do primeiro escalão do governo que falar ao jornal Valor Econômico. O presidente deve passar a ter um diálogo mais direto com lideranças religiosas neste ano, em que ele pretende percorrer o país de olho nas eleições municipais de outubro.
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O Palácio do Planalto identificou através de pesquisas internas que este segmento está entre os que mais rechaçam a figura de Lula, seu desempenho e o governo de uma maneira geral.
Datafolha
O Datafolha fez um levantamento no início de dezembro apontando que a reprovação a Lula no segmento chega a 38%, que classificam sua gestão como ruim ou péssima, ante 30% na média geral da população.
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As pesquisas do Planalto identificam, em especial, um rechaço a Lula entre as mulheres jovens e evangélicas. E, na raiz dessa rejeição, está a pauta comportamental.
“São pessoas que não viveram os anos de bonança dos primeiros mandatos. E já cresceram em um meio mais religioso que o de suas mães. Então, esses temas como a postura sobre drogas, do direito ao aborto, dos direitos humanos e outros pegam muito negativamente entre elas”, diz uma fonte.
Fundação Perseu Abramo
Por outro lado, a Fundação Perseu Abramo, principal centro de estudos ligado ao PT, pretende criar neste ano um núcleo dedicado a estudar temas religiosos e a relação do partido com as diversas fés.
Segundo nota publicada na coluna Painel, da Folha, desta terça-feira (2), todas as religiões serão objeto de análise do núcleo, mas os evangélicos terão atenção especial.
Esses grupos de estudo, chamados de NAPPs (Núcleos de Acompanhamento de Políticas Públicas), se dedicam a temas como economia, segurança, agricultura, educação, saúde e outros.
Segundo o presidente da Fundação, Paulo Okamotto, "precisamos dar uma atualizada no comportamento dos religiosos no Brasil, refletir sobre o que pensam e como podem se relacionar conosco".
A ideia é produzir estudos e pesquisas e dar sugestões sobre como se relacionar com o segmento. "Existem diversos pentecostais e neopentecostais que simpatizam com o PT e pertencem ao partido", afirma.