Durante a conferência eleitoral do PT em Brasília no último sábado (9), o pastor Zé Barbosa Júnior defendeu a formação de uma "bolha enorme" composta por evangélicos de orientação política à esquerda. As declarações do teólogo ocorreram durante a mesa de discussão sobre Políticas de Direitos para Transformar o Brasil em Brasília. O posicionamento reflete a linha de pensamento do presidente Lula (PT), que, na abertura do evento na noite de sexta-feira (8), defendeu a necessidade de diálogo com os evangélicos.
O governo Bolsonaro teve como alvo por muito tempo a religião evangélica, que ficou muito associada à extrema direita. Em entrevista à Revista Fórum, Zé Barbosa acredita na construção de uma religião evangélica livre. “Penso que a lógica da desconstrução, infelizmente, não cabe mais com pelo menos 30% da massa evangélica. É uma parte fundamentalista/fascista que nem se abre ao diálogo”, afirmou o pastor. Para ele, líderes religiosos conservadores precisam justificar por que apoiam um sistema fundamentado na acumulação de riquezas.
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“É fundamentada numa leitura literal e fundamentalista da Bíblia, baseada no ódio e na exclusão. O caminho, penso, é de construção de uma nova possibilidade, de uma leitura do Evangelho a partir do Cristo, fundamentada no AMOR e no respeito ao próximo (que são mensagens claríssimas de Jesus), na defesa dos Direitos Humanos, da dignidade humana”, ressalta Zé.
O pastor lembra que não há regras pré-definidas para a formação dessa bolha. “É bom dizer que ainda não há uma diretriz do PT em relação a isso... é uma luta dos Núcleos de Evangélicos do Partido”.
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O que é a “bolha" de evangélicos de esquerda?
As bolhas são uma suposição criada para definir grupos de pessoas com interesses em comum, limitadas apenas ao que consomem nesse espaço. Segundo ele, “assim como há essa ‘bolha’ do lado de lá, onde a informação falsa, a mentira e o ódio prevalecem”, diz. A ideia é “que a gente contraponha com uma rede de formação e informação realmente baseadas no Evangelho, no amor ao próximo, na busca da dignidade humana. Uma sociedade justa, onde o pão seja repartido (o pão NOSSO de cada dia) e onde os evangélicos de esquerda (que são muitos) sintam-se encorajados a assumirem seu lado político, sabendo que não estão sozinhos".
"Usando uma linguagem bem bíblica, é o "cordão de três dobras, difícil de ser quebrado" onde um fortaleça o outro no enfrentamento do fascismo que é anticristão, perverso e diabólico”, sugere.