CPMI DOS ATOS GOLPISTAS

CPMI minimiza bomba em aeroporto e cancela sessão para ouvir condenado

O cancelamento se dá um dia após a Fórum revelar que bomba no aeroporto seria apenas uma de série de artefatos que fariam parte de um plano para provocar caos em Brasília.

Bolsonaristas com Augusto Heleno na sessão da CPMI dos Atos Golpistas.Créditos: Geraldo Magela/Agência Senado
Escrito en POLÍTICA el

A secretaria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas cqncelou na manhã desta quinta-feira (28) a sessão que ouviria, a partir das 9h, o bolsonarista Alan Diego dos Santos, preso no final do ano passado por participar do atentado à bomba em um caminhão tanque estacionado próximo ao aeroporto de Brasília.

Santos foi condenado a cinco anos de prisão pelo planejamento do atentado e já disse, na CPI da Câmara do Distrito Federal, que Jair Bolsonaro o fez acreditar em uma "fraude nas urnas".

Em nota divulgada pela Agência Senado, o cancelamento se deu por falta de quórum e "tendo sido também levado em consideração para o cancelamento o fato de a tentativa de explosão de uma bomba colocada em um caminhão-tanque de querosene no aeroporto de Brasília já ter sido tratado em outras oitivas".

O cancelamento se dá um dia após a Fórum revelar detalhe assustador sobre o caso dos terroristas bolsonaristas que tentaram explodir caminhão-tanque no aeroporto. Na sessão de terça-feira (26), a CPMI ouviu o general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI, que foi aplaudido por bolsonaristas e teve diversos chiliques durante a oitiva.

Servidor da Polícia Federal que atuava no Palácio do Planalto no conturbado período da transição governamental, e que revelou com exclusividade à Fórum o envolvimento do GSI na desordem golpista que tomou o Brasil naquele momento, conta que a bomba no aeroporto pode ter sido apenas um de vários artefatos que iriam ser explidos pelos golpistas.

“É certo que havia outros artefatos explosivos espalhados que seriam detonados. O próprio depoimento do George Washington, e as investigações da PCDF, além daquilo que chegou à PF até agora, mostraram isso, assim como no relato do outro condenado que foi preso, que aponta para o fato de que haveria uma sequência a ser executada de acordo com um plano estipulado, debatido e construído, lá dentro do acampamento do QG do Exército, do chamado Forte Apache, aqui em Brasília. É um fato essa ideia de sequenciar os atentados com base nesse plano gestado na frente dos quartéis”, diz o servidor que estava no Palácio do Planalto naquele período.

Para ele, quanto mais se avança sobre esses condenados, assim como sobre outros personagens especificamente deste caso, mais a investigação se aproxima do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), comandado à época pelo general Augusto Heleno, o homem mais fiel e próximo de Jair Bolsonaro (PL).

“O curioso nessa investigação é quanto mais a gente puxa o fio, mais a gente vai descobrindo outras pessoas envolvidas nisso... Foram pegos esses três indivíduos inicialmente, que são a pontinha dessa operação, mas por trás disso, e eu venho salientando isso, dentro do acampamento, havia a utilização de agentes de inteligência, e se presume que do GSI, naturalmente, que não só monitoravam em termos de inteligência, e é claro que falo no sentido de inteligência para eles, do próprio GSI, mas que faziam esse trabalho ininterrupto de informação e de dissonância, agitando e dizendo ‘ah, não pode deixar esse governo do Lula assumir’, ‘ah, tá na hora de agir’... A bomba foi só uma parte da operação desse pessoal lá dentro, e de fato eram muito mais bombas, não era só aquela do caminhão... Não à toa elas estavam numeradas”, acrescentou o PF.

Além da oitiva do terrorista, a CPMI votaria na sessão desta quinta novos requerimentos. Relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), defende a convocação dos últimos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica na gestão do então presidente Jair Bolsonaro. O presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), condicionou a votação de novos requerimentos propostos pelos governistas à apreciação de um pedido de convocação feito pela minoria.

Com informações da Agência Senado