Acuado diante da exposição do curíiculo de "resto da Ditadura" em plena CPMI dos Atos Golpistas nesta terça-feira (26), o general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro (PL), coordenou um ataque transfóbico contra a deputada Duda Salabert (PDT-MG).
Durante sua exposição, Duda afirmou a Heleno que a próprio biografia o comprometeria e listou uma série de situações no mínimo controvérsias em que o general esteve envolvido.
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"O senhor disse que a Ditadura Militar salvou o Brasil. O senhor coordenou a operação Punho de Ferro no Haiti que resultou no massacre de dezenas de crianças e mulheres, o senhor tentou impedir...", disse Duda, ao ser interrompida pelo general, que iniciou a fala transfóbica.
"Essa afirmativa é mentirosa. Eu estou querendo proteger vossa excelência. Essa é uma afirmativa mentirosa. Se eu quiser, eu vou para a Justiça, processo o senhor e boto o senhor na cadeia", disse Heleno, empurrando o microfone irritado.
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"É 'a senhora' e você não vai me ameaçar, não", disse Duda, retomando a palavra e enfatizando a participação de Heleno no massacre no Haiti.
No entanto, a fala do general atiçou a horda bolsonarista. Após o senador Sergio Moro (União-PR) sair na defesa do militar, o deputado Abílio Brunini (PL-MT), um dos mais reacionários, atacou Duda usando o pronome masculino e dizendo que "ele estava falando asneiras".
O chilique do deputado bolsonarista causou revolta até mesmo no presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (União-BA), que perdeu a paciência com Brunini.
"Solicito a segurança que retire o deputado", ordenou Maia. Diante da resistência de Brunini em deixar a sala, a sessão foi suspensa.
Para o jurista Wálter Fanganiello Maierovitch, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Heleno poderia ter sido preso por atacar mulheres na CPMI.
Antes do ataque transfóbico a Duda Salabert, Heleno havia desferido palavrões contra a relatora, Eliziane Gama (PSD-MA), que ao final de seu interrogatório perguntou se o general ainda acreditava que as eleições foram fraudadas.
Diante da negativa, a senado apontou que "o senhor mudou de ideia", despertando a fúria do ex-ministro de Bolsonaro.
"Ele é um homem de estrebarias, de coices, de viver com aquele odor de baias, de cavalos. Não estranhem nada essa agressividade, esses coices, ele é um homem sem nenhum refino, sem nenhuma educação", disse Maierovitch em entrevista ao portal Uol.
Para ele, caberia voz de prisão diante das ofensas de Heleno às mulheres.
"Ele tem o direito ao silêncio e, no direito brasileiro, a mentira, salvo para testemunhas e peritos, que não é o caso dele, é válida. Essa é a situação dele. Alguém poderia ter dado ordem de prisão. Tinha esse dever o presidente da sessão, responsável pelos trabalhos. A partir do momento que ele começa a ofender e atacar mulheres, cabe sim voz de prisão, pelo presidente ou por qualquer um que participe daquilo".