A atuação firme dos órgãos de investigação ligados ao Ministério da Justiça, como a Polícia Federal (PF), tem causado cada dia mais incômodo no clã Bolsonaro, que já prepara uma ofensiva para tumultuar uma possível indicação de Flávio Dino para ocupar a cadeira de Rosa Weber, que se aposenta na próxima semana do Supremo Tribunal Federal (STF).
Dino desponta como um dos principais nomes de Lula para ocupar a vaga na corte, ao lado de Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), e Jorge Messias, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU).
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Filho 01 de Jair Bolsonaro (PL), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é um dos mais apavorados com a perspectiva de que seu xará assuma uma cadeira no Supremo e já incita um levante nas redes e no Congresso para barrar a nomeação.
“Uma pessoa que persegue a política, que usa o aparato público, usa a Polícia Federal para direcionar investigações, para ter acesso a informações privilegiadas de inquéritos sigilosos”, disse o senador à coluna de Malu Gaspar, em O Globo, acusando o ministro justamente da interferência nos órgãos de investigação que já pairou sobre o pai.
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“Tenho a convicção de que Dino não passa no Senado”, disse Flávio, com um tom mais de esperança do que de realidade.
Lula
Nos corredores, o presidente tem confidenciado a interlocutores próximos que deve indicar o ministro da Justiça e ex-governador do Maranhão, que também tem no currículo o fato de ser ex-juiz federal.
Lula ainda sofre pressão de parte da militância e de movimentos sociais pela indicação de uma mulher negra para a cadeira que será deixada por Rosa Weber, atual presidenta da corte.
A indicação de Dino, um dos ministros mais bem avaliados do governo, tende a acalmar ânimos desse movimento pelo histórico progressista do ministro.
No entanto, a saída dele do Ministério da Justiça tem um problema: Dino é um dos mais valentes combatentes contra o bolsonarismo e a extrema-direita e no Judiciário não poderá atuar com tanta veemência.
O próprio ministro já desautorizou as especulações sobre seu nome para a vaga na corte. No entanto, é Lula quem tem cogitado que ele assuma a vaga no STF.
Recentemente, Dino falou sobre a estrutura do Judiciário brasileiro e defendeu a proposta que apresentou no Congresso para definir mandatos aos ministros do Supremo.
"Os EUA não adotam mandato. Mas os tribunais constitucionais da Europa adotam. Então, em algum momento, esse debate vai se colocar. É claro que não é algo para já já, para amanhã, mas é uma observação importante. Eu apresentei inclusive uma PEC em 2009, que tramita até hoje na Câmara, propondo a instituição de mandato de 11 anos", disse Dino.
Na mesma entrevista, ele falou que "não trabalho, não ofereço, não toco no assunto, não sou candidato e não faço campanha" para ser ministro da crote.
"Em primeiro lugar, por respeito ao presidente da República, prerrogativa dele. Em segundo lugar, porque eu tenho experiência para saber que isso não funciona. Em terceiro lugar, porque eu estou muito feliz onde eu estou, sendo senador da República, ministro da Justiça. Estou focado nessa missão e fico honrado com essas lembranças".