Mentor político de Hamilton Mourão (Republicanos-RS) e membro do governo de transição em 2018, o general da reserva Paulo Roberto Corrêa Assis cobrou R$ 300 mil da empresa CTU Security LLC, que tem como sócio o coronel da reserva Glaucio Octaviano Guerra, para fazer lobby dentro do governo Jair Bolsonaro (PL) para liberar a compra superfaturada de 9 mil coletes balísticos feita sobre a tutela de Walter Braga Netto no Gabinete de Intervenção Federal (GIF) no Rio de Janeiro.
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A intermediação do contato entre o general e coronel Guerra foi feita por Sebastião Vieira. Em mensagem de WhatsApp interceptada pela Polícia Federal, Assis determina as condições da contratação com Guerra, entre elas que o coronel Robson Queiroz seria seu parceiro na empreitada.
"Em resposta à sua consulta, informo primeiramente que estou em parceria com o Cel Queiroz", diz o general antes de informar sobre o preço do lobby.
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"Podemos prestar consultoria à empresa americana CTU, através de você e do Vieira, desde que a interessada deposite o valor de R$ 50 mil iniciais, depositado na assinatura do contrato, e mais R$ 250 mil no êxito", diz o general.
Segundo a PF, o pagamento dos R$ 50 mil iniciais foi feito nos dias 18 e 19 de setembro de 2019 pelo doleiro Márcio Moufarrege, o Márcio Macaco, e o valor foi dividido entre o general e o coronel Queiroz.
O inquérito mostra ainda que Assis se "vangloria de sua amizade com o vice-presidente, general Hamilton Mourão e do general Braga Netto, chefe do Estado-Maior do Exército e, em seguida, ministro-chefe da Casa Civil do Brasil.
“Gláucio, manda ele já falar com o Onyx e aí o Onyx fala com o Procurador o chefe lá da subsecretaria, aí porque, mas não fala que foi o General Paulo Assis, fala que foi pedido do Senador, que o Paulo Assis falou para o parecerista, pro Jorge Menezes, Eu preciso falar com o Mourão ou com o Bolsonaro sobre isso, eu vou falar com o Onyx. Ele não, não General, espera até sexta e graças a Deus o senhor veio aqui, que eu estava inclinado em dar um parecer negativo. Palavras do General pra mim e obviamente ele não vai mentir, ele esteve lá. Agora se vier uma outra pressão, não do General, entendeu? Ficaria Ideal", diz Assis em áudio que teria sido enviado ao coronel Guerra.
Já em dezembro de 2019, Assis relata que "almocei também com o Gen Braga Netto, que me prometeu interferir a nosso favor".
O envolvimento direto de Braga Netto nos negócios da família Guerra é revelado também em mensagem de Paulo Assis, encaminhada por e-mail por Glauco ao parecerista Jorge Menezes e o coronel Queiroz.
No texto, ele relata que esteve "num almoço na sexta-feira passada com o general Braga Netto e comentei sobre a liberação dos coletes de proteção balística para a polícia do Rio em estudo nessa Casa Civil da PR"
"Ele me disse que iria dar uma 'força' junto ao senhor para atender ao que pleiteamos", diz o texto enviado em 15 de dezembro de 2019.
Milícia venezuelana
A sociedade do "coronel Guerra" com o venezuelano Antonio Intriago na empresa de segurança CTU Security LLC motivou a comunicação de crime feita à Polícia Federal pela Agência de Investigações de Segurança Interna (Homeland Security Investigations, a HSI), que investiga nos EUA o assassinato do presidente haitiano Jovenel Moïse em julho de 2021.
Segunda a investigação, milicianos colombianos que trabalham na CTU teriam sido contratados pelo médico haitiano, residente na Flórida, Christian Emmanuel Sanon, para executar Moïse após ele prometer enviar às autoridades dos EUA uma lista de pessoas ligadas a uma rede de narcotráfico internacional.
Sócio de Guerra, Antonio Intriago “amigo pessoal de Juan Guaidó e Leopoldo López”, líderes da oposição ao governo Nicolás Maduro na Venezuela.