Para quem achou que as irregularidades no chamado Gabinete de Intervenção Federal (GIF), instalado no Rio de Janeiro em 2018, sob comando do general Walter Braga Netto, então à frente do Comando Militar do Leste (CML), se restringiram à compra irregular, sem licitação e com “sobrepreço” de 9 mil coletes balísticos, saibam que isso não é tudo.
Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que analisou com lupa os gastos e contratos do GIF instalado após a decretação da intervenção federal no território fluminense pelo presidente golpista Michel Temer (MDB), mostrou que os fardados usaram uma verdadeira fortuna da verba destina à Segurança Pública para a compra de itens alimentícios de luxo, além de outros um tanto quanto inusitados.
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O gabinete liderado por Braga Netto gastou somente com itens do gênero, em quatro unidades do Exército (1º Batalhão de Infantaria Motorizado, Comando da Brigada de Infantaria Paraquedista, Companhia de Comando da 1ª Região Militar e Comando Militar do Leste) mais de R$ 319 mil.
A farra, em números arredondados para menos, envolveu a aquisição de R$ 212 mil em camarão, R$ 27 mil em tortas holandesas, R$ 5 mil em bacalhau, R$ 11 mil em salgadinhos fritos, R$ 12 mil em vinhos, R$ 21 mil em mel, R$ 12 mil em cream-cheese, R$ 6 mil em geleia de frutas, R$ 4 mil em presunto de Parma e, pasmem, quase R$ 6 mil em cajuzinhos, aquele docinho de festa infantil feito de amendoim que divide opiniões entre convidados, que o amam ou o odeiam.
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Sobre as denúncias surgidas nesta terça-feira (12), o general Walter Braga Netto emitiu uma nota negando qualquer irregularidade nos processos de compras realizados pelo GIF.
“Diante de matérias veiculadas hoje (12) pela imprensa, é importante reiterar que os contratos do Gabinete de Intervenção Federal (GIF) seguiram absolutamente todos os trâmites legais previstos na lei brasileira”, respondeu o militar.
O Exército foi na mesma direção e por uma nota oficial emitida pelo Centro de Comunicação Social da corporação informou que só dará explicações às instâncias públicas que questionam o uso da verba destinada aos militares do Comando Militar do Leste que chefiavam o Gabinete de Intervenção Federal.
“O Centro de Comunicação Social do Exército informa que os esclarecimentos em relação aos acontecimentos em tela serão prestados exclusivamente aos órgãos competentes pelas apurações. O Exército não se manifesta no transcurso de processos de investigação. Cabe destacar que esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República”, diz o comunicado.