Na manhã desta terça-feira (12), o general Braga Netto teve sigilo telefônico quebrado pela Polícia Federal (PF) durante as investigações da Operação Perfídia por uma série de crimes na compra de coletes balísticos durante a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018. Braga Netto abandonou uma carreira militar de quatro décadas para compôr ministérios no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Interventor na época dos crimes, Braga Netto teria ratificado o contrato da compra de 9.360 coletes sem licitação, com sobrepreço no valor estimado pelo tribunal de Contas da União (TCU) de aproximadamente R$ 4,6 milhões. A compra de R$ 40 milhões foi efetuada pelo Gabinete de Intervenção Federal na Segurança Público do Estado do Rio de Janeiro, chefiado por ele.
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Quem é Braga Netto?
Militar da reserva do Exército, Walter Souza Braga Netto tem 60 anos de idade e é Secretário Nacional de Relações Institucionais do PL (Partido Liberal), pelo qual concorreu à vice-presidência na chapa do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em março de 2023, ele havia sido cogitado pela sigla para assumir a coordenação da "área de inteligência" do PL. Em encontro com parlamentares do partido, ele enunciou a necessidade de municiar deputados e senadores com informação para fiscalização do governo Lula.
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Como exemplo de sua atuação, no final de agosto, ele se encontrou com conservadores do Mato Grosso do Sul com o objetivo de unificar a direita e unificar o PL. A série de compromisso incluiu visita à Federação da Agricultura e da Pecuária (Famasul), reunião com lideranças políticas do estado, encontro com o deputados federais e estaduais do partido, conversas com empresários da indústria e visitas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS) e o Tribunal de Justiça (TJMS).
"Estou retornando a Campo Grande. Fui chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Oeste. É um prazer voltar a Cidade Morena e ver meus amigos. Estamos exatamente levando essa mensagem de união da direita, dos valores conservadores e da economia liberal."
Braga Netto, na ocasião
Carreira militar
Natual de Belo Horizonte (MG), Braga Netto formou-se no Curso de Cavalaria da Academia Militar de Agulhas Negras (AMAN), na turma de 1978, seguinte da turma de Bolsonaro. O oficial participou de cursos de Educação Física e Guerra na Selva, em uma geração formada em aulas do Exército com referências ao combate à guerrilha do Araguaia.
Ele é mestre em Operações Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares do Curso de Altos Estudos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME).
Braga Netto ainda tem dois diplomas de pós-graduação: um em Gestão Estratégica da Informação, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e outra no Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército.
Entre suas experiências profissionais pelo Exército brasileiro, destacam-se: sua posição de Chefe do Grupo de Observadores Militares na transição governamental no Timor Leste pela Organização das Nações Unidas, em 2000; sua função diplomática nas embaixadas da Polônia, Estados Unidos e Canadá; e a coordenação geral da Defesa e Assessoria Especial dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos RIO 2016.
Como protagonista, também teve períodos como Comandante da 1ª Região Militar (2015 a 2016), Comandante Militar do Leste (2016 a 2019) e chefe do Estado-Maior do Exército (2019 a 2020). O general também foi o Interventor Federal na Área de Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro em 2018.
Em 2013, assumiu a Secretaria de Segurança Presidencial e o cargo de chefe da Casa Militar da Presidência da República, no governo de Dilma Rousseff (PT). Um ano depois, teve seu nome nos principais noticiários do país quando o Exército ocupou o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro (RJ).
Sua participação no Governo Bolsonaro
Durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, Braga Netto ocupo os cargos de chefe do Estado-Maior do Exército, ministro chefe da Casa Civil, ministro da Defesa e assessor especial da Presidência da República.
Em fevereiro de 2020, Braga Netto foi nomeado como ministro chefe da Casa Civil da Presidência da República, no lugar de Onyx Lorenzoni. Esta foi a primeira vez desde a democratização que um militar assumiu o cargo, considerado o mais alto posto político indicado no governo. Assim, passou para a reserva.
Em março de 2021, ele foi designado para chefiar o ministério da Defesa, onde permaneceu até ser substituído, em abril de 2022, por outro general: Paulo Sérgio Nogueira. Ele assumiu no lugar de Fernando Azevedo e Silva, que gerou a demissão conjunta dos então comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, em protesto.
Braga Netto abandonou o cargo e foi nomeado assessor especial da Presidência, até que deixou o Executivo para poder se candidatar como vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, que buscava à reeleição.