Ex-deputado estadual e quadro histórico do PT, José Genoíno afirmou nesta terça-feira (29), em entrevista ao Fórum Café, que Lula se tornou refém de um cerco entre dois nichos que serviram de sustentação a Jair Bolsonaro (PL) nos quatro anos anteriores.
Para Genoíno, Lula precisa reagiar aos achaques do Centrão, capitaneado pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), e das Forças Armadas, que têm no ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, uma espécie de ajudante de ordens dentro do próprio governo.
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"Esse cerco do Centrão e a tentativa de acordão com as Forças Armadas, ele tem que enfrentar. Se não enfrentar, ele fica refém", disse Genoíno, ressaltando que Lula sinalizou uma reação na noite desta segunda-feira (28), durante ato sobre a edição da Medida Provisória sobre o Salário Mínimo, Imposto de Renda e taxação dos super ricos e das offshores.
"É inaceitável a negociação com o Centrão nos termos que se vem desevolvendo. O governo tem que negociar pauta por pauta, assunto por assunto, e não aceitar esse tipo de semiparlamentarismo ou semipresidencialismo do presidente da Câmara. Está na hora do governo adotar algumas pautas que dialoga com a população e discutir com os movimentos e a sociedade", emendou.
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Genoíno disse ainda que as negociações com a cúpula militar reedita a Lei da Anistia promulgada pela Ditadura Militar para perdoar crimes que sequer foram investigados.
"Sobre o acordão com as FFAA, isso é inaceitável. Desde aquele documento da associação em defesa do Exército. Ai vem a reunião com pedidos de R$ 54 bilhões no PAC. E agora vem essa nova reivindicação do ministro da Defesa, que é o representante das Forças Armadas no governo, solicitando aumento [salarial] de 9%. E a política de defesa? E as punições? E todas essas denúncias, vai ser apurado ou não? Essa tentativa de blindagem é inaceitável. O Brasil viveu isso em 79, a tal anistia que foi produto dos crimes conexos - crime que não foi apurado, investigado, uma anistia prévia. Estão agora querendo fazer o mesmo seja via CPMI, Ministério da Defesa ou a maneira como a grande mídia - os jornalões em seus editoriais - fazendo oposição ao governo Lula", disse o ex-deputado.
Para Genoíno, Lula precisa entrar na disputa e deixar de lado o discurso de "união", que formatou a ampla aliança que saiu vencedora nas eleições de 2022.
"O governo tem que ir para a disputa, para o enfrentamento. Esse negócio de Lula paz e amor, união, com esses caras que estão ai? Eles querem chantagear, domesticar e cabrestar".
Assista a entrevista ao Fórum Café.