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Militares querem aumento e designam ministro da Defesa para pedir a Lula

José Múcio já teria se reunido com presidente para tratar do assunto, e também com a ministra da Gestão, Esther Dweck. Fardados idolatraram Bolsonaro e se envolveram em golpe fracassado

General Tomás Paiva e o presidente Lula.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A notícia pode parecer inacreditável, mas é real. Depois de tudo que ocorreu no Brasil nos últimos anos com os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ameaçando o STF, se infiltrando abertamente na política, ocupando cargos de forma generalizada no governo caótico e autoritário de Jair Bolsonaro (PL), levando a um desastre na gestão da pandemia e participando em grande número da fracassada tentativa de golpe do ex-presidente derrotado nas urnas, eles agora querem aumento salarial.

Sim, eles querem aumento e já delegaram ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que faça a interlocução direta com o presidente Lula (PT) para que o desejo seja viabilizado. Mesmo diante da crise de desconfiança generalizada que recai sobre esse setor do funcionalismo, que ganhou a pecha de “mamateiros” pelas regalias e vultosas cifras que recebem não só nos soldos, mas também em decorrência de penduricalhos e outras gratificações em caso de transferência e promoção, os fardados querem agora 9% de aumento.

Segundo os oficiais-generais que comandam as três Forças, o pedido seria para “equiparar” os ganhos obtidos por esse setor mais alto da hierarquia militar, assim como os demais oficiais, ao dos praças e suboficiais, que não teriam sido tão agraciados assim com as benesses sem fim e as “molezinhas” concedidas por Bolsonaro ao topo da pirâmide da caserna.

A reforma previdenciária dos militares de Jair Bolsonaro, na prática, tornou-se uma espécie de reestruturação da carreira, que por fim deu rios de dinheiro para quem concluía cursos e subia na hierarquia das Forças, injetando ainda verdadeiras fortunas para quem trocava de comando em diferentes estados e regiões do país, assim como a quem passava para a reserva, o que na imensa maioria dos casos só ocorre com oficiais. Logo, eles encheram os bolsos e os soldados, cabos, sargentos e suboficiais ficaram com seus vencimentos estacionados, quando não até reduzidos.

O general Tomás Paiva, comandante do Exército, incumbiu o seu chefe do Estado-Maior, general Fernando Soares, de criar um grupo de trabalho que já vem se reunindo com a ministra da Gestão, Esther Dweck, e com membros da equipe econômica, que estaria checando a possibilidade de incluir no Orçamento os valores necessários para que o aumento seja efetivado no holerite dos militares já em 2024.