CASERNA

Mucio tenta blindar generais em investigações sobre Bolsonaro

Ministro da Defesa de Lula atua como uma espécie de "ajudante de ordens" do comandante do Exército, general Tomás Paiva, que busca uma "anistia branda" para os cerca de 7 mil militares aparelhados no governo Bolsonaro

José Múcio e Tomás Paiva em visita a Avibras.Créditos: Antônio Oliveira/Ministério da Defesa
Escrito en POLÍTICA el

Alçado por Lula ao Ministério da Defesa antes mesmo do início do mandato para esfriar os ânimos da cúpula militar, enfurecida com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições, José Múcio Monteiro agora trabalha para tentar impedir que generais golpistas sentem no banco dos réus em investigações envolvendo a Organização Criminosa formada pelo ex-presidente.

Na quarta-feira (23), o ministro da Defesa de Lula esteve com lideranças na CPMI dos Atos Golpistas, Ministério da Justiça e na direção-geral da Polícia Federal (PF).

Segundo ele, o objetivo seria levantar nomes de militares envolvidos em inquéritos da PF, especialmente sobre Walter Delgatti Neto, hacker de Araraquara enviado por Bolsonaro ao Ministério da Defesa para orientar militares sobre uma fictícia fragilidade nas urnas eletrônicas, que seria usada como estopim para o golpe.

No entanto, Mucio atuou como uma espécie de "ajudante de ordens" do comandante do Exército, general Tomás Paiva, para blindar o generalato de convocações em série nas investigações em curso que têm a OrCrim de Bolsonaro como alvo.

Com medo do efeito das investigações sobre a imagem das Forças Armadas, principalmente do Exército, Tomás Paiva busca mostrar que os militares - especialmente os da alta cúpula - deixaram as fileiras do bolsonarismo e que a força tem atuação institucional, de Estado, como ressaltou no boletim interno distribuído no último dia 18.

O objetivo de Tomás Paiva é tratar o envolvimento de militares nas investigações como "casos isolados" de militares que, a exemplo de Mauro Cid, eram "extremamente subservientes" a Bolsonaro. A estratégia foi montada na caserna após Lula destinar R$ 53 bilhões no PAC às Forças Armadas.  

Paiva agora quer montar uma espécie de anistia branda, para militares que atuaram no governo Bolsonaro, mas não são alvos de investigação, deixando à própria sorte o ex-presidente e oficiais cujas provas se apresentem como incontestáveis.

As Forças Armadas querem se isentar da responsabilidade de outros 6,7 mil militares que ocuparam cargos no segundo e terceiro escalão do governo - ante 2,7 mil no já aparelhado governo Michel Temer.

Mais que isso, a cúpula militar querem blindar oficiais que ocuparam cargos nos ministérios e em empresas estatais, sucateadas por Bolsonaro.