8 DE JANEIRO

Exército culpa governo Lula por atos golpistas em ofício a José Múcio, ministro da Defesa

Documento é uma resposta do general de Divisão Francisco Humberto Montenegro Junior, chefe do Gabinete do Comandante do Exército, a requerimento de deputado bolsonarista na CPMI dos atos golpistas

José Múcio em cerimônia militar.Créditos: Moisés Machado / Ministério da Defesa
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Em ofício "urgente" enviado no dia 26 de julho de 2021 ao "chefe de gabinete do ministro da Defesa", pasta comandada por José Múcio, o Exército Brasileiro volta a culpar o "Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR)", já sob a gestão Lula, pelos atos que resultaram na depredação do Palácio do Planalto por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL).

O documento é uma resposta encaminhada pelo Exército ao Ministério da Defesa para responder requerimento do deputado bolsonarista André Fernandes (PL-CE) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas - veja íntegra ao final da reportagem.

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"A fim de colaborar com os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), incumbiu-me o Comandante do Exército de destacar inicialmente que a responsabilidade pela segurança do Palácio do Planalto está a cargo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR)", diz o texto assinado pelo general de Divisão Francisco Humberto Montenegro Junior, chefe do Gabinete do Comandante do Exército.

Este é o segundo documento do Exército que responsabiliza o GSI, então comandado pelo General Gonçalves Dias, o G. Dias, por não realizar o planejamento para contenção dos golpistas.

Nesta segunda-feira (31), inquérito militar concluído em março e enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF),  acusa órgãos do Gabinete de Segurança Institucional do governo Lula por não terem feito o planejamento "adequado" para proteger o Palácio do Planalto.

O documento sigiloso, revelado pela Folha, no entanto, omite o nome dos comandantes dos dois órgãos citados, que foram indicados para os cargos pelo general Augusto Heleno, ainda durante a gestão Jair Bolsonaro.

No ofício enviado à Múcio para ser remetido à CPMI, o Exército cita o Departamento de Segurança Presidencial, chefiada à época pelo coronel Wanderli Baptista da Silva Junior, como responsável "pelo planejamento das ações de segurança dos palácios presidenciais", podendo solicitar ao Comando do Planalto por meio da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, que estava sob o comando do general Carlos Feitosa Rodrigues, "de 1 (um) pelotão a 1 (um) batalhão, para ser empregado sob controle operacional do GSI/PR".

"No dia 8 de janeiro de 2023, atendendo à solicitação do GSI/PR, a tropa em reforço à segurança do Palácio do Planalto, no valor de 1 (um) pelotão de choque, pertencia ao Batalhão da Guarda Presidencial e era composta por 30 (trinta) militares", diz o texto, ressaltando o pequeno efetivo solicitado para a segurança.

O documento afirma ainda que "a partir das 12h30, o pelotão estava em condições de ser empregado naquele local" e que "em razão da avaliação informada pelo GSI, a mobilização dos meios do EB foi realizado de acordo com a situação de NORMALIDADE".

O texto relata ainda que apenas ás 15h foi enviada uma subunidade do Batalhão da Guarda Presidencial, com 63 militares para reforçar a segurança do Planalto.

Em seguida, às 15h30 foi enviada mais uma subunidade a Planalto com outros 93 militares que "foram empregados na desocupação dos pisos superiores do Palácio do Planalto".

O ofício ainda narra o desentendimento entre agentes do Exército e da Polícia Militar do Distrito Federal quanto à prisão dos bolsonaristas.

"Após a situação ter sido controlada no interior do Palácio, uma fração da Polícia Militar do Distrito Federal adentrou as instalações sem coordenação prévia com o BGP [Batalhão da Guarda Presidencial] utilizando granadas de efeito moral e de gás lacrimogênio. Tal fato deflagrou uma discussão entre o Comandante do BGP [general Carlos Feitosa Rodrigues] e os policiais militares. Posteriormente, a situação foi contornada após um integrante do GSI ter informado que, poder ordem do Ministro do GSI, a partir daquele momento, a PMDF passaria a realizar as prisões dos manifestantes que se encontravam no interior do Palácio", diz o texto, fazendo referência ao general G. Dias.

O ofício informa ainda que no "dia 7 de janeiro de 2023 não houve ações do BGP no Palácio do Planalto".

"No dia 9 de janeiro, o BGP continuou operando no Setor Militar Urbano e, na oportunidade, a Unidade atuou na Praça dos Cristais, em cumprimento à decisão exarada, em 8 de janeiro de 2023, pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, no bojo do inquérito 4879", diz o ofício.

Leia o ofício na íntegra

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