A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), rebateu o inquérito do Exército que investiga os responsáveis militares pela depredação do Palácio do Planalto em 8 de Janeiro e acusa órgãos do Gabinete de Segurança Institucional do governo Lula por não terem feito o planejamento "adequado" para proteger o Palácio do Planalto.
O documento sigiloso, revelado pela Folha nesta segunda-feira (31), no entanto, omite o nome dos comandantes dos dois órgãos citados, que foram indicados para os cargos pelo general Augusto Heleno, ainda durante a gestão Jair Bolsonaro.
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A apuração preliminar enviada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aponta que há "indícios de responsabilidade da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial, comandada à época pelo general Carlos Feitosa Rodrigues, e do Departamento de Segurança Presidencial, chefiada pelo coronel Wanderli Baptista da Silva Junior.
Nas redes, Gleisi afirma que "o negacionismo vestiu farda para encobrir suas próprias responsabilidades".
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"Inquérito do Exército tenta acusar o governo Lula pelos atentados terroristas no 8/1. Dizem que faltou "planejamento" para evitar os atentados, com oito dias de governo. Mas, nada falam sobre os acampamentos em Brasília, desde o fim das eleições, de onde partiram os terroristas. Também foi falta de planejamento, ou contrário? O negacionismo vestiu farda para encobrir suas próprias responsabilidades", tuitou Gleisi.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da Polícia Federal (PF), que investiga os atos golpistas, também comentou o inquérito dos militares durante evento sobre os dez anos da Lei Anticorrupção organizado pela Transparência Internacional em parceria com o Insper, em São Paulo. Segundo ele, houve "negligência de vários órgãos públicos".
"Era um acampamento de criminosos, que reunia pessoas que estavam tramando um golpe de Estado. O que houve foi uma negligência de várias entidades, de vários órgãos públicos. (...) Verbalizei e inclusive formalizei isso num ofício, dizendo que aquelas pessoas precisavam ser contidas no acampamento, caso contrário, elas iriam invadir o Congresso, o STF e o Palácio do Planalto. Não sou vidente, só estava vendo as coisas", afirmou.
Mantidos nos cargos
Nomeados por Heleno, tanto Feitosa quando Baptista da Silva Júnior foram mantidos em seus cargos até o dia 8 de janeiro pelo general Gonçalves Dias, que sucedeu o ministro de Bolsonaro. Dias foi demitido em abril após divulgação de imagens dele no Planalto durante a invasão dos bolsonaristas.
O inquérito sigiloso, divulgado em reportagem da Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (31), cita de forma genérica, sem identificar os nomes dos dois militares que estavam no comando, os dois órgãos.
Segundo a apuração, que foi encerrada em 12 de março, "resta evidente" que "o planejamento, o acionamento e o emprego" de militares "no tocante às ações ligadas à manutenção da integridade física do Palácio do Planalto e adjacências" cabe à secretaria comandada por Feitosa.
O documento cita ainda que apenas um pelotão, com 36 homens, foi enviado pelo Comando Militar do Planalto por volta das 12h do dia 8 de janeiro, quando já havia mobilização de bolsonaristas em Brasília. No dia 31 de julho de 2022, quando Bolsonaro convocou manifestações contra o STF haviam 110 militares no Planalto.
"Desta forma, é possível concluir que, sendo realizado um planejamento das ações de segurança adequado, com o acionamento de valor de tropa suficiente, a execução das ações de segurança por parte das tropas do CMP teria melhores condições de êxito", diz o inquérito.
"Nesse sentido, a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada ou minimizado os danos patrimoniais sofridos", emenda.
O texto cita ainda que "devido a uma previsão de ‘normalidade’ por parte daquele órgão [Secretaria Presidencial] —que não se verificou na realidade—, o efetivo solicitado ao CMP e empregado foi abaixo do necessário diante do grande número de invasores e do comportamento agressivo dos mesmos".
"Noutro vértice, conclui-se que há indícios de responsabilidade da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial/Dseg quanto à invasão do Palácio do Planalto, considerando que houve falha no planejamento e na execução das ações", afirma.