O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ser preso a qualquer momento. O fato não é segredo pra mais ninguém. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que tem sido bastante procurado por aliados e correligionários para falar sobre o assunto, tem algumas teses bastante curiosas e, até certo ponto, contraditórias.
Costa Neto não acredita na prisão de Bolsonaro. Segundo ele, além de não haver razões para tal, caso ela aconteça, politicamente o Supremo Tribunal Federal (STF) o colocaria como vítima.
Te podría interesar
Mas, mesmo que Bolsonaro chegue a ser preso, a avaliação de Costa Neto tem algumas avaliações no mínimo surpreendentes.
De acordo com apuração da coluna de Lauro Jardim, com o ex-presidente trancado, o PL elegeria mais prefeitos em 2024 e mais senadores em 2026, por conta de sua vitimização.
Te podría interesar
E ele ainda faz estimativas. A expectativa atual é que o PL eleja cerca de mil prefeitos. Com a prisão, o número subiria para 1,3 mil. O mesmo ocorreria em 2026. Dos 30 senadores previstos, ele achava que o partido elegeria 40.
Possibilidades de prisão
O advogado Kakay afirmou em entrevista ao canal Diário do Centro do Mundo que, em sua avaliação, Bolsonaro só deve ser preso após ser condenado. A fala foi concedida na última terça-feira (22).
Ele também afirma que o ex-presidente só pode ser preso preventivamente na "excepcionalidade da excepcionalidade" e que o mais correto, sob o ponto de vista jurídico, é a prisão depois do devido processo legal.
Na avaliação do jurista, é importante deixar Bolsonaro responder em liberdade. "Eu prefiro pensar sob o prisma jurídico. Eu quero que ele responda em liberdade, que ele tenha todos os direitos que lhe negavam na época da Lava Jato", disse ao programa DCM Ao Meio-Dia.
Para Kakay, o estado democrático de direito deve prevalecer frente ao desejo de prender. "Não tem motivo para para tomar qualquer medida de prisão, salvo se houver motivo real e técnico", afirma.
Aragão discorda
Já o ex-ministro da Justiça e jurista, Eugênio Aragão, afirmou ao programa Fórum Café desta quarta-feira (23), que já existem motivos claros e evidentes para a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na visão do professor titular de direito internacional da Universidade de Brasília (UnB), os motivos para uma prisão preventiva de Bolsonaro já existem.
“Eu diria com a maior tranquilidade que Bolsonaro representa um risco à instrução criminal. Não só porque ele tentou de todos os jeitos desmontar provas possíveis das suas tramas em relação a essas joias - recomprando e sumindo com as joias -, vê-se muito claramente que ele tinha noção do ilícito que ele tinha feito”, afirma Eugênio Aragão.
Deixar sangrar
Para Aragão, a Polícia Federal e Alexandre de Moraes têm uma estratégia clara: deixar Bolsonaro sangrar e obter uma prova cabal do envolvimento do ex-presidente em ilegalidades. Uma prisão mal justificada poderia inflamar o fascismo das bases de extrema-direita.
“Eu acredito que há um certo cuidado do ministro Alexandre e da Polícia porque eles querem algo muito sólido para prendê-lo. Se for uma prisão mal fundamentada, isso só vai aumentar mais ainda o ruído, o rufar dos tambores do fascismo", afirma. "Por isso eu estou achando que eles estão deixando o Bolsonaro sangrar. E quando chegar a hora própria, quando oralmente não houver mais dúvida de que ele oferece risco a ordem pública e à instrução criminal, aí pegam ele”, completa.