Antes de se internar no Hospital Vila Nova Star, Jair Bolsonaro (PL) afirmou a Igor Gielow, da Folha de S.Paulo, que estava com o ex-presidente no voo entre Brasília e São Paulo, que vai passar por três cirurgias no mês de setembro.
A informação foi divulgada pelo ex-presidente em meio à avalanche de investigações da Polícia Federal e com a possibilidade de prisão cada vez mais factível.
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Segundo Bolsonaro, que já passou por quatro cirurgias desde a facada durante a campanha presidencial em 2018, as próximas intervenções serão para tratar problemas de "septo, refluxo e abdômen".
Atual advogado e ex-secretário de comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten divulgou tuite em que afirma que os exames de Bolsonaro são de rotina para "avaliar sua condição clínica, principalmente no sistema digestivo, tráfego intestinal, aderências, hérnia abdominal e refluxo".
"Todos os sintomas e exames desse momento, por óbvio, decorrem do atentado contra sua vida de 6/9/18, ainda sem resolução", afirmou Wajngarten, lembrando a data do atentado.
Meyer Nigri
Nessa terça-feira (22), Bolsonaro foi intimado pela PF a prestar novo depoimento no próximo dia 31 de agosto relativo ao inquérito que investiga o grupo de empresários bolsonaristas que teria planejado um golpe armado para mantê-lo no poder.
O motivo para a convocação foi justamente a troca de mensagens com Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, a quem teria enviado mensagens com fake news e ataques a urnas para serem repassadas em grupos de WhatsApp.
Classificado pela PF como "difusor de mensagens com conteúdo de notícias não lastreadas ou conhecidamente falsas", Bolsonaro repassou uma mensagem a Meyer Nigri que falava que "teremos sangue" e "guerra civil" juntamente com vídeo que ataca o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e as urnas eletrônicas.
Segundo reporagem de Aguirre Talento, no portal Uol, a PF identificou ao menos 18 mensagens golpistas repassadas por Bolsonaro e Meyer Nigri. O dono da Tecnisa e Luciano Hang, o véio da Havan, seguem sendo alvo de investigação após Moraes arquivar o inquérito sobre o grupo de WhatsApss com empresários golpistas.
"O terminal identificado como utilizado pelo presidente da República Jair Bolsonaro encaminhou diversas mensagens contendo ataques às instituições, especialmente o Supremo Tribunal Federal, ao sistema eletrônico de votação e às vacinas desenvolvidas para combate à covid-19. Após receber o conteúdo, Meyer Nigri realizou a disseminação de tais mensagens para diversos grupos e chats privados de WhatsApp. Resumidamente, os fatos apontam para a atuação do presidente da República Jair Bolsonaro como difusor inicial das mensagens", diz a investigação da PF, obtida pelo jornalista.
Uma das mensagens repassadas, no dia 21 de junho de 2022, tem um vídeo atacando Moraes e o sistema de votação, com um suposto esquema de fraudar eleições.
"A ESTRATÉGIA, O PODER, A QUALQUER CUSTO. O POVO TÁ ESPERTO. Compartilhem. PF precisa ver isso. TEREMOS SANGUE!!! GUERRA CIVIL", diz o texto que acompanha o vídeo, que foi enviado por Bolsonaro com a frase: "Eis o enredo das eleições 2022. Você confia nos 3 min do TSE/STF?".
Nigri recebeu a mensagem e encaminhou para dois grupos, além de contatos privados.
Orcrim Bolsonarista
Outra intimação da PF, também nesta terça-feira, diz respeito à Organiação criminosa que traficou joias e artigos de luxo entregues por autoridades estrangeiras em viagens oficias.
O depoimento sobre o caso das joias terá um componente insólito que deve complicar ainda mais a situação de Bolsonaro: também foram intimados para prestarem esclarecimentos à PF, de maneira simultânea, todos os envolvidos no escândalo. São eles:
- Michelle Bolsonaro (esposa de Bolsonaro e ex-primeira-dama)
- Mauro Cid (tenente-coronel, ex-ajudante de ordens, que está preso)
- Mauro César Lourena Cid (pai de do tenente-coronel)
- Frederick Wassef (advogado de Bolsonaro)
- Fabio Wajngarten (advogado de Bolsonaro)
- Osmar Crivelatti (assessor de Bolsonaro)
Os depoimentos estão marcados para o dia 31 de agosto. O objetivo da PF ao realizar as oitivas de forma simultânea é evitar que os envolvidos combinem versões.
Mauro Cid deve entregar Bolsonaro
Esse será o primeiro depoimento à PF do tenente-coronel Mauro Cid após o advogado do militar, Cezar Bittencourt, afirmar que o ex-ajudante de ordens deve entregar Jair Bolsonaro, revelando que partiu do ex-presidente a ordem para vender joias e artigos de luxo que deveriam ser incorporados ao patrimônio do Estado brasileiro.
O defensor já disse, inclusive, que Cid entregou o dinheiro das vendas das joias, em espécie, para Jair ou para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
"É uma confissão. [Cid] vai admitir. As provas estão aí, ele vai admitir. Mas isso é o começo da conversa. Nem conversei com o delegado que está à frente da investigação", afirmou Cezar Bittencourt em entrevista recente à CNN Brasil".
O advogado declarou que Mauro Cid, que está preso desde maio, teria ouvido "resolve isso aí, Cid" do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"[Cid] efetuou a venda do relógio nos EUA e depois traria o resultado para cá. Ele era assessor do chefe. Fez isso e procurou entregar para quem lhe ordenou fazer a venda", pontuou.
Bittencourt também enfatizou que Cid "era assessor, conhecia o presidente, tinha intimidade. Ele recebeu uma determinação e a executou".