Em meio à denúncias contundentes contra a Organização Criminosa que traficou joias aos EUA, a defesa de Jair Bolsonaro (PL) usará uma estratégia kamikaze pedindo a devolução das joias ao clã.
Além disso, a ordem do ex-presidente é blindar a ex-primeira-dama no depoimento simultâneo da OrCrim à PF na próxima quinta-feira (31), quando serão ouvidos todos os envolvidos na investigação sobre as joias - Mauro Cid, pai e filho, Frederick Wassef, Fabio Wajngarten e Osmar Crivelatti, além do casal.
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O depoimento simultâneo foi convocado pela PF para evitar que os membros da OrCrim combinem versões entre eles. No entanto, Bolsonaro já teria ordenado a todos os envolvidos para enfatizar que Michelle desconhecia as joias e que ela tomou conhecimento pela imprensa, quando veio à tona a retenção do kit pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
Bolsonaro teme que o advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, arraste a ex-primeira-dama para o centro das investigações. Em declarações recentes, ele disse que o dinheiro da venda do Rolex nos EUA foi entregue ao ex-presidente ou à ex-primeira-dama.
Devolução das joias
No depoimento, Bolsonaro vai seguir a estratégia traçada pelo advogado Paulo Cunha Bueno, de que os presentes valiosos dados ao governo brasileiro durante as viagens oficiais pertenciam a ele e não à União.
Para corroborar a tese, Cunha Bueno afirmou, em entrevista à Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, que vai pedir a devolução das joias a Bolsonaro.
"As joias foram entregues ao TCU há alguns meses, por iniciativa da defesa, para demonstrar que jamais houve a intenção de Bolsonaro de se apropriar que algo que não lhe pertencia", afirmou.
A estratégia é uma maneira da defesa ganhar tempo, distorcendo e judicializando o entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU), de que apenas itens perecíveis e de baixo valor poderiam ficar no arquivo pessoal. Mesmo assim, a lei afirma que a União teria prioridade na compra dos objetos - o que não foi feito por Bolsonaro.
"Caso o TCU entenda que elas são do acervo público, e não do acervo privado de interesse público de Jair Bolsonaro, vamos judicializar a questão", afirmou o advogado, deixando clara a intenção de ganhar tempo com a estratégia.
Com informações de Bela Megale, do jornal O Globo