ORCRIM BOLSONARISTA

Há elementos para prisão preventiva de Bolsonaro, afirma deputado Henrique Vieira

Membro da CPMI dos Atos Golpistas, parlamentar defende a convocação dos generais Paulo Sergio Nogueira e Marco Antônio Freire Gomes para investigação histórica sobre relação da cúpula militar com a tentativa de golpe.

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Marcos Oliveira/Agência Senado

Em entrevista ao Fórum Café na manhã desta sexta-feira (18), o deputado pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), membro da CPMI dos Atos Golpistas, afirmou que há elementos para pedir a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL) que, segundo ele, pode interferir na investigação, principalmente coibindo testemunhas, após as informações que vieram à tona com o depoimento de Walter Delgatti Neto à comissão e a declaração do advogado Cezar Bitencourt, de que o tenente-coronel Mauro Cid deve confessar que traficou joias a mando do ex-presidente.

"Eu avalio que para proteger a investigação - ele é o ex-presidente, o que ele pode manipular de provas, coibir e pressionar testemunhas, diante do que se está colocado -, uma prisão preventiva, sincera e cuidadosamente, eu avalio que já existem esses elementos, sim", afirmou o parlamentar, que nesta quarta fez uma série de perguntas fulminantes a Delgatti, que colocam Bolsonaro no centro das investigações.

Vieira afirmou ainda que por uma questão de "timing" - já que a autorização de quebra de sigilo bancário e fiscal de Jair e Michelle Bolsonaro na noite desta quinta-feira (17) - acreditava que a prisão não ocorreria nesta sexta.

O deputado ainda afirmou que a prisão de Bolsonaro tem que ser tratada de forma muito cuidadosa, para que o campo progressista não se iguale à "sanha punitivista" da extrema-direita.

"Sou muito cuidadoso com isso, não acho que podemos errar nessa pauta, eu insisto com o campo progressista que não precisamos ceder à sanha punitivista da extrema-direita para defender a democracia, pois isso pode ser uma armadilha inclusive", afirmou.

CPMI

Após o depoimento bombástico de Delgatti, a CPMI deve concentrar os trabalhos na próxima sessão, na terça-feira (22), em requerimentos que foram apresentados ao colegiado, entre eles as quebras de sigilo bancário e fiscal do ex-presidente e da ex-primeira-dama.

Vieira adiantou que a convocação de Bolsonaro e Michelle não deve ser pautada pelos parlamentares governistas neste momento.

"Quebra de sigilo, em um primeiro momento. Nós temos que ser bem cuidadosos, passo a passo, para poder ganhar com consistência. Chamar Bolsonaro [para depor] é uma avaliação política que tem que ser muito bem feita, na minha opinião", afirmou.

Henrique Vieira, no entanto, diz que vai defender a convocação dos generais Paulo Henrique Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, e Marco Antônio Freire Gomes, que comandou o Exército entre março e dezembro de 2022.

Segundo o deputado, há uma "avenida" a ser investigada na relação de Bolsonaro com a cúpula militar e que a apuração desses fatos será histórica para a CPMI.

"Eu acho que se existe uma avenida a ser investigada e que ainda não foi - e que tem muita barreira de proteção - é essa barreira da cúpula militar. E é uma barreira alta, mas acho que é uma decisão histórica a ser feita: queremos ou não passar essa história a limpo?", indagou o deputado.

"Eu sei que política não é um ato de vontade - eu quero, eu vou fazer. É uma correlação de forças. Mas, especialmente diante do depoimento de ontem, não convocar esses indivíduos, não entender a participação deles... Nós não podemos abrir mão dessa tarefa com o devido cuidado. Indícios de envolvimento tem e a gente não vai chegar até eles? Eu acho que tem [que chegar]", emendou.

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