ORCRIM BOLSONARISTA

A fala de Flávio Bolsonaro que foi comemorada pela defesa de Delgatti

Não se contrata um ladrão de joias para tomar conta da joalheria.

Escrito em Opinião el
Jornalista, editor de Política da Fórum, especialista em comunicação e relações humanas.
A fala de Flávio Bolsonaro que foi comemorada pela defesa de Delgatti
Advogados de Walter Delgatti e os irmãos Eduardo e Flávio Bolsonaro. Agência Senado

No intervalo da CPMI dos Atos Golpistas nesta quinta-feira (17), Flávio Bolsonaro (PL), já em franco desespero, foi às redes sociais pedir aos seguidores que aguardassem "a sessão da tarde com a oposição mostrando a verdade ao Brasil". "Preparem a pipoca", tuitou o filho "01" de Jair Bolsonaro (PL).

No entanto, a intervenção do próprio Flávio Bolsonaro foi a mais comemorada pela defesa de Walter Delgatti Neto. 

Na interpretação dos advogados do hacker, o filho de Bolsonaro corroborou a versão de Delgatti confirmando o encontro com o pai no Palácio da Alvorada e apresentando uma narrativa que já foi descartada pela Polícia Federal

"Só para esclarecer a relatora, primeiro que não tenho nada a esconder, porque a conversa do senhor Walter era para ele mostrar seus conhecimentos para que fosse oficialmente instruído o TSE sobre vulnerabilidade das urnas eletrônicas", disse o "01" de Bolsonaro.

A narrativa, no entanto, se mostra um tiro no pé já que ninguém contrataria um ladrão de joias para gerenciar uma joalheria, disse uma fonte ouvida pela Fórum.

Flávio Bolsonaro ainda passou recibo para a declaração de Delgatti sobre ter produzido a versão final do relatório do Ministério da Defesa sobre o sistema de votação.

O senador apresentou uma versão antiga e não ao relatório que Delgatti se referia, finalizado e entregue no dia 9 de novembro de 2022 ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com a assinatura do então ministro da Defesa, general Paulo Sergio Nogueira.

"Ficarei em silêncio"

Diferentemente do que foi propagado pelos bolsonaristas, a estratégia da defesa de Delgatti para que o hacker ficasse em silêncio foi traçada dias antes - e motivou o pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o hacker pudesse se calar em perguntas que pudessem incriminá-lo na CPMI.

O objetivo, no entanto, não era para Delgatti ficar calado, mas para que não entrasse nas provocações feitas pelos bolsonaristas durante todo o depoimento.

Ao dizer "ficarei em silêncio", Delgatti deu um nó na estratagema bolsonarista, de desestabilizar emocionalmente o hacker para ganhar a disputa de narrativa nas redes sociais.

Ao contrário, o silêncio de Delgatti desestabilizou os bolsonaristas, que reagiram aos berros à indiferença do hacker, como ocorreu com Julia Zanatta (PL-SC) e Nikolas Ferreira (PL-MG), para ficar nos exemplos mais visíveis.

Além de expor todo o envolvimento de Bolsonaro e de militares de alta cúpula no plano golpista que o envolvia, Delgatti ainda ganhou as narrativas nas redes com uma resposta certeira em um antigo adversário: Sergio Moro.

"O senhor é um criminoso contumaz", disse o hacker, que aguardava ansioso pelo encontro com o ex-juiz da Lava Jato.

A frase anulou toda a jogada de Moro de detratar seu algoz - como costumava fazer na Lava Jato - e pulverizou nas redes. 

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