O Brasil chacoalhou nesta sexta-feira (11) com a Operação Lucas 12:2, realizada pela Polícia Federal com mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Os alvos, todos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), são suspeitos de terem se apossado de bens valiosíssimos do Estado brasileiro, dados por autoridades estrangeiras, que estariam sendo vendidos no exterior para que o dinheiro fosse entregue ao ex-ocupante do Palácio do Planalto. Um dos nomes em destaque no noticiário é o do tenente Osmar Crivelatti, homem de confiança de Bolsonaro, que serviu como ajudante de ordens durante seu governo, e que agora é um dos assessores pagos com dinheiro público que todo ex-presidente tem direito.
Um e-mail obtido com exclusividade pela reportagem da Fórum mostra que Crivelatti, então na Ajudância de Ordens da Presidência, chegou a ser áspero e insistente com os organizadores da feira EXPOLONDRINA, realizada nos primeiros dias abril de 2022, já que um ursinho de pelúcia havia sido dado de presente para Bolsonaro e ele precisava saber quem teria sido o autor da doação, para que então o bichinho fosse inventariado e cadastrado no acervo do órgão.
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“Sou o tenente Crivelatti da Ajudância de Ordens do Presidente da República, estive com ele na EXPOLONDRINA na sexta à noite onde ele recebeu um urso de pelúcia. Acaba que eu tenho que seguir um protocolo e registrar presentes recebidos pelo Presidente. Para isso preciso de alguns dados de quem o presenteou. Já tentei contato pelo Messenger mas não tive uma recepção muito amigável, inclusive creio que fui bloqueado. No fim das contas, se não receber resposta dos senhores (as), tratarei o presente como se fosse de algum popular e não restará registro de sua pessoa/empresa. Se o caso for segurança, como mencionado no Messenger, por favor me chame em um dos telefones abaixo ou me envie um telefone de contato para que eu possa explicar o processo”, diz o militar, aparentemente irritado e impaciente para inventariar logo o mimo dado a Bolsonaro.
No entanto, segundo as investigações, o zelo de Crivelatti com os “presentes” dados ao ex-presidente nem sempre era tão castiço assim. Foi ele quem assinou um documento que autorizou a retirada de um relógio Rolex, avaliado em mais de R$ 300 mil, do chamado “acervo privado” do então presidente para o gabinete da Presidência da República, em 6 de junho de 2022. A preciosidade foi um presente dado pelo rei da Arábia Saudita ao Brasil, durante uma viagem oficial à monarquia islâmica ocorrida em outubro de 2019.
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O relógio seria um dos itens suspeitos de terem sido negociados no exterior pelo general da reserva Mauro Cesar Lorena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cida, ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro durante sua gestão, e que está preso por relação com uma cachoeira de acusações relacionadas a crimes de várias naturezas.