A operação da Polícia Federal (PF) desta sexta-feira (11) descobriu que Frederick Wassef, advogado de Jair Bolsonaro (PL), recomprou o relógio Rolex recebido pelo ex-presidente em viagem oficial à Arábia Saudita, em 2019. A marca é muito visada pelos super-ricos, mafiosos e ditadores ao redor do planeta por representar luxo e poder.
O Rolex de Bolsonato foi recuperado em março, após pedido do Tribunal de Contas da União (TCU) de devolução. Segundo a PF, o valor de compra foi maior do que o de venda a Wassef. Bolsonaro teria recebido o valor da joia.
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O relógio de Bolsonaro
O modelo recebido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro é o Rolex Day-Date. O relógio veio em um estojo de joias entregue pelas autoridades da Arábia Saudita na viagem oficial de outubro de 2019.
De ouro branco 18 quilates, o relógio usa "os metais mais puros, que são meticulosamente analisados em um laboratório da própria Rolex, com auxílio de equipamentos de ponta, antes do ouro ganhar forma e ser moldado seguindo rigorosos critérios de qualidade", diz o site da marca.
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Seu aro é cravejado de diamantes, descritos pela marca como uma "sinfonia brilhante que enaltece o relógio e encanta quem o leva no pulso". As pedras de diamante são alinhadas e fixadas nos engastes de ouro ou platina.
A pulseira recebe o nome de "Presidente", por coincidência. Criada para o lançamento do Oyster Perpetual Day-Date em 1956, a pulseira representa o "máximo em refinamento e conforto e é sempre feita de metais preciosos cuidadosamente selecionados", conforme descrição.
A marca Rolex
Fundada em 1905, a Rolex era uma empresa especializada em distribuição de relógios. Nos anos seguintes, o criador Hans Wilsdorf recebeu a concessão do certificado oficial de suíço a um relógio de pulso e o certificado de precisão.
Em 1926, a Rolex desenvolveu o primeiro relógio de pulso impermeável, o Oyster. Cinco anos depois, lançou a corda automática por rotor perpetual, que revolucionou a indústria dos relógios de pulso.
A empresa mais renomada no setor é sinônimo de luxo. O nível de habilidade artística e artesanal dos joalheiros e a qualidade dos produtos utilizados na fabricação dos relógios eleva o preço dos modelos.
Um relógio, peça sua função única, não tem valor elevado, mas um relógio Rolex traz consigo o valor da marca – conceito definido como fetichismo da mercadoria por pensadores marxistas.
Relógios da empresa inglesa já chegaram a ser leiloados por US$ 17,75 milhões (cerca de R$ 87 milhões). Este foi o caso do Rolex "Paul Newman" Daytona Ref.6239, relógio de pulso usado pelo automobilista Paul Newman em suas corridas. O modelo é um dos mais cobiçados no universo relojoeiro devido ao seu cronógrafo de 37 mm de aço inoxidável e mostrador único.
Por que o Rolex é usado para lavar dinheiro?
Relógios de luxo e joias, como as entregues à Michelle Bolsonaro pelos sauditas, costumam ser utilizadas em esquemas de lavagem de dinheiro e sonegação de impostos.
Por serem bens de fácil armazenamento, elevado valor agregado e ter plataformas de negociação, eles são fáceis de serem negociados e transformados em dinheiro em espécie. Assim, é facilitada a sonegação fiscal.
Casos como o de Bolsonaro e o do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral – que foi condenado por lavagem de dinheiro em joias no valor de R$ 4,5 milhão – só são percebidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) se registradas as informações de compra, como nome e número do CPF.
De acordo com a Polícia Federal, o dinheiro recebido pelas pessoas ligadas aos crimes não interagem com o sistema bancário formal com a intenção de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.
"Há muitos estudos que mostram que compra e venda de joias é um caminho clássico de corrupção e lavagem de dinheiro. Muitos veem como um crime 'seguro', que ficará escondido para sempre" escreveu o ministro da Justiça Flávio Dino, em suas redes sociais.