TERROR BOLSONARISTA

Lobista do garimpo ilegal ajudou a arrecadar dinheiro para o golpe, diz Abin

Enric Juvenal da Costa Lauriano se reuniu com Bolsonaro em maio de 2022. Documentos da Abin mostram ainda que caminhões em acampamento golpista têm perfil semelhante aos dos atos de 7 de setembro de 2021.

Jair Bolsonaro e Enric Juvenal da Costa Lauriano, lobista pró-garimpo.Créditos: Instagram
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Relatório de inteligência da Agência Brasileira de Informação, a Abin, enviados à CPMI dos Atos Golpistas, revela que um dos principais lobistas do garimpo ilegal, Enric Juvenal da Costa Lauriano, que chegou a ser recebido por Jair Bolsonaro (PL) em Brasília em maio de 2022, atuou diretamente na arrecadação de dinheiro para o golpe, que resultou na destruição da sede dos três poderes na capital federal em 8 de Janeiro.

Documentos entregues à CPMI mostram que Lauriano divulgado a "rede de financiamento" dos golpistas a partir de Marabá (PA), por meio do Pix de uma empresa de informática. O dono da empresa é Ricardo Pereira Cunha, que também é proprietário da Mineração Carajás Limitada, segundo o mesmo relatório.

O relatório da Abin ainda afirma que Cunha chegou a ser citado por George Washington de Oliveira Souza, responsável por colocar a bomba nas proximidades do aeroporto de Brasília para um ato terrorista. Souza teria entregado o telefone de Cunha como um dos dois contatos que ele deveria avisar quando a bomba explodisse.

"Essas conexões evidenciam o vínculo entre a prática de ilícitos ambientais e a atuação de grupos extremistas contrários à eleição para a Presidência da República em 2022, além de permitirem identificar redes de práticas delituosas abrangendo diversas atividades, atores e verbas oriundas da exploração ilegal de recursos naturais", diz a Abin.

Atos terroristas

Lauriano esteve pessoalmente nos atos terroristas de 8 de Janeiro e chegou a publicar vídeos das invasões das sedes dos três poderes. 

Além disso, o lobista pró-garimpo esteve no acampamento em frente ao QG do Exército. "Nosso acampamento está aqui para dar suporte e estrutura para aqueles que chegarem ainda. Não vamos arredar o pé daqui enquanto não resolverem essa situação que o Brasil vem vivendo”, declarou em vídeo publicado nas redes bolsonaristas em novembro passado.

Lauriano também é membro do Direita Xinguara e tem atuação política. Em 2020, ele tentou se eleger prefeito da cidade pelo PSL e, no ano passado, foi candidato a 1º suplente de senador na chapa encabeçada por Flexa Ribeiro (PP/PA) – político ligado a uma associação que faz lobby pró-garimpo em Brasília, inclusive para a mineração em terras indígenas. À Justiça Eleitoral, Lauriano declarou um patrimônio de R$ 3,3 milhões.

Transportadoras

Além do lobby pró-garimpo, os documentos da Abin mostram ainda que transportadoras enviaram 272 caminhões para Brasilía a partir de novembro para encorpar o movimento golpista no acampamento em frente ao QG do Exército.

Metade dos caminhões eram de transportadoras e a maioria da frota restante estava registrada em nomes de pessoas físicas sócias de empresas do agronegócio. Na leitura da Abin, essas características sinalizam baixa participação de caminhoneiros autônomos.

Dos 272 veículos identificados, metade (136) tem registro do Mato Grosso. O resto tem placas da Bahia (46), Goiás (46) e Paraná (26), dentre outros estados.

Segundo a agência, boa parte dos veículos é similar aos que participaram das manifestações de 7 de setembro de 2021. 

"Em 6 e 7 de setembro de 2021, a maioria dos caminhões utilizados na invasão da Esplanada pertenciam a empresas agrícolas do ramo de transportes, sendo reduzida a participação de caminhoneiros autônomos. O mesmo pode ser dito dos caminhões enviados em comboio à Brasília a partir de 4 de novembro de 2022", diz o relatório.

Com informações da Folha de S.Paulo e da agência Repórter Brasil