Preso no fim de janeiro após descoberta de uma ata golpista durante busca e apreensão em seus endereços, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres mostra que está disposto a abandonar Jair Bolsonaro (PL). Ele foi solto só em 11 de maio por ordem de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com reclamações recorrentes de que se sente abandonado pelo ex-presidente, Torres revelou a armação de Bolsonaro na live em que participou ao lado do ex-mandatário para atacar as urnas eletrônicas, em 29 de julho de 2021, quando prometeu revelar fraude eleitoral nas eleições de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) venceu Aécio Neves (PSDB).
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Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no processo que está sendo julgado e deve deixar Bolsonaro inelegível, Torres afirmou que nunca viu nada que indicasse manipulação de resultados eleitorais e que o ex-presidente distorceu informações de relatórios públicos encaminhados pela Polícia Federal à justiça eleitoral para tentar criar uma narrativa sobre fraude nas urnas eletrônicas.
"A única coisa que eu tinha em mãos eram esses trechos desses relatórios. E tudo que foi falado foi com base nesses trechos desses relatórios. Nada além disso, não tinha outro documento, não tinha análise de nada. Eram esses relatórios públicos, que são encaminhados ao Tribunal Superior Eleitoral nesse chamamento público", disse Torres em seu depoimento.
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O ex-ministro da Justiça também desmente a narrativa de Bolsonaro sobre fraude no sistema de votação do TSE, que teve que emitir nota desmentindo a história criada por Bolsonaro na live.
"A Polícia Federal nunca apresentou, pelo menos para mim, o resultado de alguma investigação que concluísse, que pudesse garantir que existia fraude na eleição [...]. O resultado da eleição foi o que as urnas trouxeram. O processo democrático foi cumprido. O vencedor tomou posse e está exercendo seu mandato livremente", afirmou o ex-ministro, segundo informações divulgadas pelo jornal O Globo.
Depressão
Em seu depoimento, Torres ainda afirmou que Bolsonaro passou "por um período de depressão" por ter ficado "chateado com o resultado da eleição", que deu vitória a Lula.
"Eu acho que após a eleição, o presidente passou por um período de enfermidade e por um período de depressão. Eu acho que ele ficou chateado com o resultado da eleição, mas jamais tocou nesse tipo de assunto."