Nesta sexta-feira (23), que fecha os dias úteis da semana em que começou a ser julgado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o processo que pode torná-lo inelegível e cassar seus direitos políticos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) veio a público para falar sobre uma possível candidatura a vereador do Rio de Janeiro em 2024. A declaração foi dada durante um evento do seu partido em Porto Alegre.
“Estou pensando em ser candidato a vereador no Rio de Janeiro. Qual o problema? Não há demérito nenhum. Até vou me sentir jovem, geralmente a vereança é para a garotada, para o mais jovem, o primeiro degrau da política”, declarou.
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Mas o delírio não parou por aí. Bolsonaro, que pode ficar impedido de disputar eleições até 2030 – sem contar outros desdobramentos mais graves para sua situação jurídica –, aposta que uma eventual vice-presidência do TSE de André Mendonça a partir de 2026 o beneficie.
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“Em 2026, se eu estiver vivo até lá e também elegível, disputo novamente a presidência. Curiosamente, o presidente do TSE em 2026 será Kassio Nunes, que eu indiquei. O vice-presidente será o terrivelmente evangélico que eu indiquei. As coisas mudam”, ironizou.
Mas apesar do desvio de foco, ele sabe que a perda dos direitos políticos é apenas uma - pequena - parte das suas preocupações. Bolsonaro tem abandonado antigos aliados para tentar se livrar de uma possível prisão. Nesta semana, foi a vez do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, de se ver abandonado por seu ex-chefe.
O motivo é um curto relatório, de cinco páginas, enviado pela Polícia Federal ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que fez com que Bolsonaro ligasse o botão de pânico e evitasse quaisquer declarações sobre seu ex-assessor. No documento, a PF afirma que obteve provas da ligação de Cid e de sua esposa, Gabriela, ao ato golpista de 8 de janeiro.
Os "elementos da prova", segundo a PF, comprovam a participação efetiva do casal, tanto “por meio de induzimento e instigação de parcela da população”, como em “atos preparatórios propriamente ditos”. “A atuação dos investigados, possivelmente, foi um dos elementos que contribuiu para os atos criminosos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, materializando os objetivos ilícitos da organização criminosa investigada”, diz o relatório.
A PF ainda informa o ministro do STF que obteve em aparelhos celulares da família Cid “grande quantidade de dados”, que passarão por perícia, antes de ser juntados à investigação.