Dada como certa por parte da imprensa, a demissão da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (UB-RJ), não ocorreu. Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta terça-feira (13), ela segue no cargo e vai participar da reunião ministerial marcada para a próxima quinta-feira (15).
O presidente convocou a ministra para uma conversa sobre a situação dela à frente da pasta. O encontro teve início por volta das 10h e durou até cerca de 11h30. Após o encontro, o Palácio do Planalto informou que ela continua no cargo e participa de uma audiência pública na comissão de Turismo da Câmara às 15h desta tarde, além da reunião ministerial na quinta.
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Além de Daniela, o encontro com Lula também teve a presença do marido dela, o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho (Republicanos) e do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. A reunião foi convocada pelo presidente em meio a pressões do União Brasil pela troca da ministra.
Havia uma expectativa de que a ministra fosse destituída do cargo devido à pressão do União Brasil, tanto por aliados do presidente quanto por membros do partido. Em abril, Carneiro solicitou desfiliação da legenda, alegando assédio por parte do diretório nacional. Ela busca deixar o partido por justa causa para não perder o mandato de deputada federal devido à quebra da fidelidade partidária, conforme estabelecido pela Lei 9.096, de 1995.
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Desde então, a permanência da ministra estava em questionamento, uma vez que a saída de Carneiro resultaria na perda de um ministério para o partido.
Além do Ministério do Turismo, o União Brasil também comanda outros dois ministérios: Integração Regional, liderado por Waldez Góes, e Comunicações, chefiado por Juscelino Filho. Góes não é filiado ao União Brasil, mas sim ao PDT. No entanto, ele é considerado como uma indicação do partido, uma vez que foi indicado pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
O União Brasil partido ao qual Daniela é filiada, tem cobrado a troca no comando da pasta porque ela acena para sua possível saída da legenda rumo ao Republicanos, mesmo para o qual Waguinho migrou recentemente.
Integrantes do UB têm declarado que a ministra não representa mais o partido no Governo Lula e alertaram que, se não houver uma troca , a infidelidade da legenda na análise de propostas de interesse do Planalto no Congresso pode aumentar.
Pressão do Centrão
Está em curso uma campanha capitaneada por partidos do Centrão, em especial o UB e o PP, para troca de titulares de alguns ministérios do Governo Lula. Os alvos preferenciais são as pastas do Turismo, comandada por Daniela Carneiro, e da Saúde, chefiada por Nísia Trindade. Mas até o momento essas mudanças não passam de especulação.
Foi o que afirmou nesta segunda-feira (12) o líder do Governo Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ao ser questionado por jornalistas. Ele disse que ainda não tratou com o presidente Lula sobre possíveis trocas nos ministérios e observou que há muita especulação sobre o assunto.
Também nesta segunda, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reconheceu a possibilidade de demissão da ministra do Turismo, que vem enfrentando pressão do próprio partido para deixar o cargo. Após uma reunião com o presidente Lula e líderes do governo no Congresso, Padilha afirmou que o partido solicitou a reavaliação dos três cargos indicados para o primeiro escalão, incluindo Turismo, Integração Nacional e Comunicações.
Última palavra é de Lula
Nos últimos dias, em meio às negociações para construir uma base do governo no Congresso Nacional, o presidente Lula teria comunicado na noite desta segunda-feira (12) que aceitaria a indicação da bancada do UB na Câmara que indicou o nome do deputado Celso Sabino (União-PA) para comandar o Ministério do Turismo no lugar de Daniela .
O nome de Sabino é resultado de um acordo entre políticos do Centrão. O político é ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o seu governo para ser líder da maioria na Casa. À época, ele era filiado ao PSDB, e a ação de assumir o posto incomodou correligionários, que passaram a apontar o aspirante a ministro como apoiador do então presidente. Ele chegou a reagir aos comentários afirmando que ser líder da maioria não significava alinhamento com o governo.
Embora dado como certa, a troca de Daniela por Sabino não ocorreu.