A situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com a Justiça não para de piorar. Depois de ter sua casa invadida por policiais federais na manhã desta quarta-feira (3), que cumpriam uma ordem judicial solicitada pela PF e expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por conta de um escândalo de falsificação de comprovantes de vacinação dele e de seus familiares e assessores, agora vem à tona uma informação constante no inquérito que pode terminar de azedar de vez o futuro do líder brasileiro de extrema direita.
Os acessos ao sistema do Ministério da Saúde em que foram inseridos dados fraudulentos para a geração dos certificados de imunização, de Jair Bolsonaro, de sua filha Laura e de servidores de seu círculo íntimo foram feitos a partir de um computador do Palácio do Planalto, a sede da Presidência da República.
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Às 22h07 de 21 dezembro de 2022, a primeira informação falsa foi incluída na Rede Nacional de Dados em Saúde. Seia a “1ª dose da Pfizer” de Bolsonaro, “aplicada em Duque de Caxias (RJ)", com data de 13 de agosto de 2022. Apenas dois minutos, às 22h09 do mesmo dia, se passaram para que o falsário que operava o esquema colocasse a “2ª dose”, dada na mesma cidade fluminense, que é governada por um prefeito bolsonarista, com data de 14 de agosto de 2022. O ex-presidente teria tomado a dose de reforço apenas um dia após a primeira aplicação, algo absolutamente sem lógica.
Na sequência, às 22h16, também de 21 de dezembro de 2022, surge a primeira aplicação de imunizante em sua filha, Laura, ficcionalmente aplicada em 24 de julho de 2022, igualmente no município de Duque de Caxias (RJ). Já na madrugada, às 2h21 de 22 de dezembro de 2022, a imaginária segunda dose da menina é inserida no sistema do SUS, como tendo sido administrada em 13 de agosto de 2022.
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Para terminar com a lambança, uma servidora identificada como Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva apagou os registros, seis dias após a colocação, em 27 de dezembro de 2022, apenas três dias antes do então presidente embarcar com sua família para os EUA, onde ficou “escondido” até o fim de março.
O problema é que a Rede Nacional de Dados em Saúde não deleta completamente aquilo que é apagado, deixando os dados apenas em cor diferente, algo que significa que ele deve ser desconsiderado no caso de uma consulta real ao sistema. Desta forma, foi possível rastrear todo o trambique realizado pela equipe do tenente-coronel Mauro César Cid, principal ajudante de ordens de Bolsonaro, que era quem acessava o perfil particular do presidente no SUS pela internet, logado inclusive por meio do e-mail pessoal do militar, segundo dados do inquérito.