A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foi uma das primeiras da família a se pronunciar sobre a operação de busca e apreensão da Polícia Federal (PF) que ela e seu marido, Jair Bolsonaro, foram alvo na manhã desta quarta-feira (3). O ex-presidente é investigado por, supostamente, ter fraudado seu cartão de vacinação e o de sua filha menor de idade, Laura, para emitir um comprovante da vacinação contra a Covid-19 dias antes de embarcar para os Estados Unidos, em dezembro de 2022.
Através dos stories do Instagram, Michelle publicou um pequeno texto em que basicamente "lava as mãos" com relação ao caso. Ela não confirma as acuações da PF, mas em momento algum as desmente e ainda faz questão de falar sobre sua imunização em específico, praticamente "entregando" seu marido.
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"Hoje a PF fez uma busca e apreensão em nossa casa, não sabemos o motivo e nem nosso advogado teve acesso aos autos. Apenas o celular do meu marido foi apreendido. Ficamos sabendo pela imprensa, que o motivo seria 'falsificação do cartão' de vacina do meu marido e de nossa filha Laura. Na minha casa, apenas EU fui vacinada", publicou a ex-primeira-dama.
Em entrevista pouco depois, o próprio Bolsonaro reafirmou que não tomou a vacina e, por isso, não teria fraudado o cartão de imunização. A justificativa do ex-presidente, entretanto, é justamente um dos indícios da PF de que ele cometeu fraude - isto é, como não estava imunizado e não queria tomar as doses, precisou falsificar o documento para, assim, se livrar de burocracias como, por exemplo, entrar em um país com restrições sanitárias.
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Operação da PF na casa de Bolsonaro; entenda
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, foi preso durante a Operação Venire, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (3). Os policiais também cumprem mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente.
A operação está sendo realizada dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
A PF cumpre 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.
A corporação investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e Rede Nacional de Dados em Saúde
A inclusão dos dados falsos ocorreu entre novembro de 2021 e dezembro do ano passado. As pessoas beneficiadas conseguiram emitir certificados de vacinação e usar para burlar restrições sanitárias impostas pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, segundo os investigadores.
Segundo a PF, a apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19.
De acordo com a corporação, os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.
A PF explicou que o nome da operação deriva do princípio “Venire contra factum proprium”, que significa "vir contra seus próprios atos", "ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos". É um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.