O autointitulado ‘marqueteiro de Bolsonaro’, Michel Winter, anunciou que está processando o filho ‘zero-um’ do ex-presidente, Flávio Bolsonaro, após ter sido chamado de ‘golpista’. Mas se engana quem associa a palavra às patéticas tentativas de ‘golpe de estado’ perpetradas nos últimos 6 meses pelos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), a acusação se refere a um suposto golpe financeiro.
Em vídeo publicado na última quinta-feira (10) em suas redes sociais, Flávio Bolsonaro acusou Winter de aplicar golpes financeiros na internet utilizando o nome de seu pai. Flávio ainda afirma que, no encaminhamento dos golpes diante das vítimas, o marqueteiro teria inventado uma reunião com ele no Senado.
Te podría interesar
Ajude a financiar o documentário da Fórum Filmes sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Clique em https://bit.ly/doc8dejaneiro e escolha o valor que puder ou faça uma doação pela nossa chave: pix@revistaforum.com.br.
“Winter fez filmagens de dentro do meu gabinete dizendo que eu o recebi, que tivemos uma longa conversa, que ele é uma pessoa muito influente na família, que ele é o marqueteiro do Bolsonaro, que já trabalhou em campanhas. Tudo mentira. Ele não tem nenhuma relação conosco. Ele simplesmente manipula imagens, ao que estou sabendo, para dar golpes em pessoas inocentes. Não deixem esse senhor chamado Michel Winter usar o nosso nome para lhe pedir algo em troca”, afirmou o senador.
Te podría interesar
Naquele momento, Winter negou as acusações. Reconheceu que de fato não é amigo da família mas considera que sua atuação contribuiu com a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. Também revelou que fez uma visita ao gabinete de Flávio mas ele não estava. “Tenho princípios e valores. Jamais usaria o nome de qualquer família, principalmente a do Bolsonaro, para ganhar dinheiro”, disse.
Dessa vez, em vídeo publicado nas redes sociais, Winter se explica novamente antes de anunciar o processo contra Flávio. “Por que o senador Flávio Bolsonaro não me ligou e não entrou em contato já que ele falou nas redes sociais que não me conhece, não tem contato comigo e que a família não me conhece? Ele falou que eu não tenho o número dele e nem ele tem o meu, e eu fiquei surpreso, porque na verdade eu tenho o número dele. Já conversei diversas com vezes com Flávio Bolsonaro. Não entendi o porquê de ele ter feito isso e em seguida afirmar que estou dando golpe usando o nome da família Bolsonaro”, declarou Michel Winter, que teria mostrado a jornalistas do Metrópoles as chamadas e conversas que teve com Flávio.
O marqueteiro acredita que a declaração de Flávio foi motivada por preocupações após a prisão de uma série de pessoas envolvidas com o clã na última semana, entre elas o ex-ajudante de ordens de Jair, Mauro Cid, e o ex-major Aílton Barros, que planejou ‘golpes de estado’ e disse saber quem mandou matar Marielle Franco.
Segundo Winter, a informação de que ele estaria usando o nome da família Bolsonaro para pedir depósitos de Pix na internet teria partido do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio e chegado a Flávio por meio do advogado Frederick Wassef. “Vou processar o Flávio por injúria, calúnia e difamação”, concluiu. Na declaração, ainda acusa a família Bolsonaro o seus "soldados", ou apoiadores, pelo caminho.
Winter nunca foi contratado pelo ex-presidente e sua equipe. A autodenominação “marqueteiro de Bolsonaro” parte da sua atuação pessoal em movimentos de extrema direita bolsonaristas espalhados pelo país. Ele afirma que trabalhou de forma espontânea em Minas Gerais pelas eleições de Jair e Romeu Zema. A narrativa, ou ao menos partes dela, se confirma pelas notícias de que a Polícia Federal estaria investigando sua participação nos acampamentos golpistas que se formaram após as eleições.
Em 30 de novembro, um mês após a derrota eleitoral da extrema direita, ele foi visto no acampamento de Brasília, montado diante do Quartel-General do Exército, fazendo um longo discurso de apoio ao ex-presidente. “Meu presidente me autorizou a vir aqui e dizer que ele está trabalhando muito por nós brasileiros. E dentro das quatro linhas, juridicamente, ele está fazendo um ótimo trabalho a nível internacional, para que nosso país não seja golpeado. Nosso presidente manda um forte abraço e diz que não vai entregar o país aos corruptos. Aguardem o chamamento das pessoas certas”, afirmou na data.