SOBRE 4 RODAS

Depois do Fiat Elba, Collor faz dívida milionária com IPVA de carros de luxo

Mais de 6 anos de impostos sobre três veículos de luxo fizeram com que o ex-presidente renegociasse a dívida com o Estado de São Paulo

Fernando Collor de Mello (PTB), ex-presidente e ex-senador.Depois do Fiat Elba, Collor adquire carros de luxo e dívida de IPVA milionáriaCréditos: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil
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O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB) é um amante da indústria automobilística e é possível acompanhar sua relação com os automóveis ao longo dos anos. Se em 1992 a aquisição de um Fiat Elba Weekend 1991, para então primeira-dama Rosane, foi decisiva para o processo de impeachment que o retirou do Palácio do Planalto, mais de 30 anos depois ele adquiriu, junto com uma trinca de carros de luxo das marcas Bentley, Lamborghini e Rolls-Royce, uma dívida milionária de IPVA.

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Nesta segunda-feira (24) foi noticiado que Collor precisou fazer um acordo com a Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo para quitar a dívida que se desenvolveu a partir de parcelas não pagas de IPVA dos seus carros de luxo. Ao todo, o ex-presidente deve mais de R$ 1,5 milhão e parcelou o pagamento em 60 vezes. Ele já teria pago a primeira parcela de R$ 62 mil.

Os carros estão no nome da Água Branca Participações, empresa que tem junto com seu filho Fernando James Braz Collor de Mello. O capitão social do CNPJ é de R$ 1,3 milhão.

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Em 2015, Collor teve sua Lamborghini Aventator apreendida pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato, mas acabou reavendo o veículo após decisão do Supremo Tribunal Federal. De acordo com a decisão da PGE-SP, foi após a operação em questão que o ex-presidente parou de recolher os impostos deste e de outros dois carrões, das marcas Bentley e Rolls-Royce. Ele deve os impostos referentes a 2016, 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021, dos três veículos.

No último ano chegou a ter uma ordem da Justiça paulista para que o seu Bentley fosse enviado a leilão. O veículo do modelo Continental, cinza e fabricado em 2012, é avaliado em quase R$ 900 mil.

Impeachment e o Fiat Elba

Eleito em 1989 com a promessa de “caçar marajás”, Collor derrotou o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após um debate televisivo completamente manipulado pela TV Globo – que o apoiava. Ele governou até 1992, quando um processo de impeachment o pressionou até que renunciasse ao cargo de presidente da República.

A aquisição do Fiat Elba Weekend 1991 – que seria um presente para a então primeira-dama Rosane Collor – foi crucial para impulsionar o processo de impeachment. Ficou comprovado que Collor havia usado um cheque oriundo do caixa dois que seu tesoureiro PC Farias montou durante a campanha eleitoral de 1989. O esquema subtraiu mais de R$ 1 bilhão, em valores atualizados, dos cofres públicos. PC Farias foi apontado como um “testa de ferro” de Collor, conforme expressão exaustivamente utilizada à época.

Já o Fiat Elba nunca foi considerado um carrão, como os atuais veículos de Collor. O modelo parou de ser fabricado em 1996 e ficou mais famoso pelo protagonismo no episódio político do que pelo tamanho do seu porta-mala. Hoje ainda é possível encontrado modelo Weekend 1991 no mercado de carros usados, valendo de R$5 mil a R$ 6,5 mil.