MARIELLE FRANCO

Solução do caso Marielle e Anderson está guardado a sete chaves na cela de Zinho

Segundo Flávio Dino, caso está muito próximo de ser resolvido; apenas morte do miliciano pode livrar mandantes

O miliciano Luís Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho.Créditos: Divulgação
Escrito en POLÍTICA el

O chefe de milíciaLuís Antônio da Silva Braga, conhecido como Zinho, que se entregou à polícia na véspera de Natal, está guardado a sete chaves na penitenciária de Bangu I, onde outros milicianos estão presos. Ele é hoje uma das maiores preocupações do governo Federal. Sua transferência para um presídio de segurança máxima não é descartada.

A razão para isso é uma só. A prisão do miliciano parece reforçar a perspectiva de resolução do caso da morte da ex-vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes.

O ministro Flávio Dino, ao fazer o balanço de sua gestão, no último da 21, afirmou que o Brasil estava mais próximo de conhecer os mandantes: “Afirmo, com a autoridade de quem acompanha a evolução neste ano pretérito, que haverá solução do caso Marielle e Anderson. Demos a diretriz e ela será cumprida. A Polícia Federal tem uma equipe dedicada a isso”.

Ao soltar a frase, o Ministério da Justiça já tinha informações de que as negociações entre a Polícia Federal e o miliciano para sua entrega já havia se iniciado. Não foi o único indício, mas as tratativas reforçaram, na c??pula do MJ, a visão de que o esclarecimento da morte esteja mais próximo.

Escritório do Crime

Até onde se sabe, o subtenente da PM Antonio João Vieira Lázaro, que teve seu nome envolvido nas investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, aparece também entre um dos 12 mandados de prisão que miram a milícia de Zinho.

Lázaro foi citado pelo miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, como participante de um encontro com os líderes do Escritório do Crime, para encomendar a morte de Marielle.

Curicica afirmou na época, durante as investigações do crime, em depoimento à Polícia Federal e a procuradores da República, colhido no presídio federal de Mossoró (RN), ter participado de um encontro com o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, um dos chefes do grupo de matadores conhecido como Escritório do Crime.

Ronald é acusado de liderar a milícia de Rio das Pedras e da Muzema, na Zona Oeste, além de ser comparsa do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, morto em 2020.

Na tal reunião, realizada em 2017, no Mirante do Roncador, no Recreio dos Bandeirantes, estavam presentes Curicica e Ronald, além de Hélio Paulo Ferreira, conhecido como Senhor das Armas, e o subtentente Antonio João Vieira Lázaro.

Na operação desta terça-feira, Lázaro não foi denunciado pelo MP, mas é alvo de um dos mandados de prisão.

Rede de proteção

Segundo Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça, o fato de o miliciano ter permanecido no Rio ao longo dos cinco anos em que está foragido, já demonstra o quanto tem a falar: “Ele não estava na Tailândia. Durante a maior parte desse tempo estava na casa dele. Só a rede de proteção de que desfrutou ao longo desse tempo mostra o quanto tem a falar”.

A morte de seu irmão, Wellington da Silva, o “Ecko”, e de seu sobrinho, Matheus Rezende, o “Faustão”, lideranças da milícia, por policiais do Rio, também é vista por Capelli como decisiva para as tratativas que levaram o miliciano a se entregar à PF. Colaborou ainda para esta decisão o avanço das investigações sobre o braço político das milícias com a prisão, também por policiais federais, da deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros (PSD).

Operação Dinastia

Foi deflagrada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Federal (PF) na semana passada, a segunda fase da Operação Dinastia. Os agentes cumpriram cumprir 12 mandados de prisão preventiva e 17 mandados de busca e apreensão contra integrantes da milícia comandada pelo Zinho, que atua em bairros da Zona Oeste carioca.

Deputada Lucinha

A investigação é um desdobramento da operação deflagrada em 25 de agosto de 2022, que também resultou na deflagração da Operação Batismo, realizada nesta segunda-feira, contra o núcleo político da organização — que teve como alvo a deputada Lucinha.

A ação tem como alvo o núcleo financeiro do grupo paramilitar, identificando a estrutura de imposição de taxas ilegais a grandes empresas e pequenos comerciantes locais, assim como as contas correntes beneficiárias dessas cobranças.

No momento em que Zinho começar a falar, acredita-se que muita coisa virá à tona, entre elas a resolução do assassinato de Marielle e Anderson.