RIO DE JANEIRO

Chupeta, braço-direito do assassino de Marielle, é preso pela PF

Luiz Paulo de Lemos Júnior é CAC e foi apontado como motorista do escritório do crime; Em sua casa foram encontradas joias, carros de luxo, armas e celulares

Ronnie Lessa, de quem Chupeta seria o 'braço-direito', no momento de sua prisão.Créditos: Reprodução/Jornal Nacional
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Apontado como braço-direito e motorista do miliciano Ronnie Lessa, o assassino de Marielle Franco que morava a poucos metros do ex-presidente Jair Bolsonaro, Luiz Paulo de Lemos Júnior, conhecido como Chupeta, foi preso em flagrante na manhã desta quinta-feira (7) pela Operação Arsenal Clandestino da Polícia Federal, que encontrou 13 armas na sua casa. Os agentes esperavam encontrar 50 armas, e agora buscam o paradeiro das outras 37, o que aumenta a desconfiança de que Chupeta estivesse traficando armas.

Chupeta já é investigado a muitos anos por eu envolvimento com o mercado das armas ilegais e relações com a milícia. É acusado de ter sido o motorista do Fiat Doblô que em 14 de junho de 2014 passou disparando pelo pelos 40 tiros de fuzil contra o Honda Civic do miliciano André Henrique da Silva, o Zóio, e de sua mulher Juliana Sales de Oliveira. De acordo com a investigação, foi o próprio Ronnie Lessa quem executou Zóio. O crime ocorreu em contexto de disputa territorial pela comunidade da Gardênia Azul, na zona oeste do Rio de Janeiro.

Itens apreendidos na casa de Chupeta. Divulgação/PF

Apontado como o mandante do atentado, o ex-vereador carioca Cristiano Girão foi preso em São Paulo em 2021. Ele teria atuado como miliciano na Gardênia Azul desde os anos 90 e queria expulsar Zóio, que era oriundo de Campo Grande e tentava tomar o controle da região. Dias antes de ser morto, Zóio teria ido a uma imobiliária controlada por Girão e dito que não repassaria aluguéis ao rival. Segundo a polícia, foi por essa razão que Girão encomendou sua morte junto a Ronnie Lessa, com quem Chupeta trabalhava.

Chupeta foi preso em casa, na Ilha do Governador, zona norte. O nome da operação, “Arsenal Clandestino”, faz jus às apreensões na casa do miliciano que também tinha licença de CAC (Caçador, atirador e colecionador) – já cassada, é verdade. Além das 13 armas, também foram apreendidos munições e carros de luxo. A inteligência da Polícia Civil acreditava que Chupeta teria consigo cerca de 50 armas, o que, de acordo com os investigadores, pode caracterizar o tráfico de armas uma vez que 37 dessas armas já não estavam mais lá.

Itens apreendidos na casa de Chupeta. Divulgação/PF

“Das 50 armas de fogo procuradas, apenas 13 foram encontradas e apreendidas, o que indica a possível prática do crime de comércio ilegal de armas de fogo, munição e acessórios, cuja pena pode chegar a 12 anos de prisão, além de multa. Também foram apreendidas diversas munições no local”, diz um informe da PF.

Participaram da operação o Serviço de Fiscalização de Produto Controlado (SFPC), do Exército, e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco), que contém membros das polícias militar, civil e federal. Chupeta foi encaminhado ao sistema prisional, onde ficará à disposição da Justiça.

Itens apreendidos na casa de Chupeta. Divulgação/PF

Os crimes de posse ilegal de arma de fogo, de uso restrito e permitido, podem render uma pena de até 10 anos. Mas as investigações continuam. A primeira aresta que as autoridades pretendem aparar é em relação ao paradeiro das outras 37 armas que estariam em posse de Chupeta mas não foram encontradas. Caso comprovado o tráfico de armas e a associação com o escritório do crime, ele pode receber novas acusações.

Itens apreendidos na casa de Chupeta. Divulgação/PF

CACs e tráfico de armas

Não muito longe da casa de Chupeta na Ilha do Governador, a chegada de enormes quantidades de armamentos no Aeroporto do Galeão despertou a curiosidade de agentes da Delegacia Especial da Polícia Federal do aeroporto no começo do ano.

A curiosidade evoluiu para uma investigação que desvendou uma quadrilha de CACs que adquiria armamentos no exterior para revendê-los no Brasil. O esquema foi desmantelado em 20 de junho no Rio de Janeiro. E paralelamente à ação no Rio, a Homeland Security dos EUA (agência de investigação e segurança interna daquele país) apreendeu 12 fuzis em loja de armas de Orlando, na Flórida, que seriam enviadas para a quadrilha.

Itens apreendidos na casa de Chupeta. Divulgação/PF

O grupo agora é acusado de praticar o crime de tráfico internacional de armas de fogo, comércio ilegal de armas, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Entre os produtos importados em larga dos EUA e vendidos ilegalmente no Brasil estão pistolas, fuzis, carregadores e munição. O caso corre em sigilo.

Itens apreendidos na casa de Chupeta. Divulgação/PF