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Datafolha: defesa da democracia cai e 7% dos brasileiros querem volta da Ditadura

Pesquisa mostra queda de 5 pontos percentuais no apoio à democracia desde o último levantamento, realizado às vésperas da eleição presidencial, em outubro passado. Lula anunciou ato pela democracia em 8 de janeiro.

Lula discursa no Congresso durante a promulgação da Reforma Tributária.Créditos: Ricardo Stuckert/PR
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Passado quase um ano da tentativa de Jair Bolsonaro (PL) de dar um golpe de Estado para reimplantar uma Ditadura no país, ainda há uma parcela de brasileiros que acredita ser "aceitável" viver sob um regime autoritário, segundo dados da pesquisa Datafolha divulgados nesta quinta-feira (21).

No início da reunião ministerial nesta quarta-feira (20), realizada no Palácio do Planalto, Lula anunciou que está organização um ato democrático no dia 8 de janeiro, juntamente com líderes do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso Nacional, para lembrar a tentativa de golpe.

"Nós estamos convidando um ato para lembrar a tentativa de golpe no dia 8 de Janeiro", disse Lula. "O ato está sendo convocado por mim, pelo presidente do Senado, presidente da Câmara e presidente da Suprema Corte", emendou - assista aqui.

De acordo com o levantamento, a defesa da democracia também recuou desde a pesquisa realizada em outubro passado, às vésperas do segundo turno das eleições, quando 79% dos brasileiros diziam apoiar o regime democrático, um recorde desde o início da série histórica, em 1989.

Atualmente, segundo o Datafolha, 74% dos brasileiros preferem democracia à ditadura como regime político para o Brasil.

Outros 15% dizem que "tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditadura" e 7% afirmam que "em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura do que um regime democrático".

No ano passado, 11% declaravam que tanto faz entre ditadura e democracia e apenas 5% defendiam a volta da Ditadura.

Neste ano, o Datafolha ouviu 2.004 pessoas em 135 cidades no dia 5 deste mês. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Cenário eleitoral não muda

Dados já divulgados pelo Datafolha mostram que o cenário eleitoral no Brasil segue praticamente inalterado um ano após Lula vencer Bolsonaro nas eleições presidenciais e ser diplomado para assumir pela terceira vez a Presidência da República.

Segundo a pesquisa, 90% dos eleitores não mudariam o voto e avaliam ter feito a melhor escolha para o Planalto nas eleições de 2022. Apenas 8% se arrependem do voto.

O índice é idêntico entre os eleitores que votaram tanto em Lula, quanto em Bolsonaro, mostrando que o país segue dividido após o petista vencer a disputa no segundo turno por 50,9% a 49,1%. 

Entre aqueles que votaram em Lula, 40% dizem confiar mais no presidente agora do que durante o processo eleitoral. Outros 41% afirmam que a confiança é a mesma e 19% dizem que confiam menos. No total, 81% daqueles que escolheram o petista para presidente seguem confiando na mudança proposta por ele.

O levantamento mostra que 9% dizem ter se arrependido do voto em Lula, enquanto 7% se arrependem de ter votado em Bolsonaro. Entre os bolsonaristas, 36% dizem confiar mais nele agora e 46% dizem que a confiança é a mesma do ano passado. Outros 17% dizem confiar menor. 

No total, 30% se declaram petistas e 25% se classificam como bolsonaristas, segundo o Datafolha.

Pesquisa Quaest

Na pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (20), Lula fecha o ano de 2023 com uma aprovação de 54% dos brasileiros, que veem os programas sociais retomados pelo atual governo como principal feito do presidente em terceiro mandato. O índice de aprovação na última pesquisa Quaest de 2023 está dois pontos percentuais do registrado no primeiro levantamento, realizado em fevereiro - mas acima dos 51% revelado em abril pelo instituto.

O pico da aprovação de Lula aconteceu em agosto, quando a Quaest registrou índice de 60% - contra 35% daqueles que desaprovavam o presidente. Atualmente, o índice de aprovação está em 43%, diante dos 28% registrados em fevereiro.

A pesquisa mostra como principais feitos do presidente a recriação do Minha Casa, Minha Vida e o aumento do Bolsa Família, lembrados por 7% dos entrevistados. A bolsa de R$ 200 e a poupança de R$ 1 mil para as crianças não deixarem a escola vem em seguida, juntamente com a retomada do Farmácia Popular e o lançamento do Desenrola, programa de renegociação de dívidas criado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Eles foram citados por 6% dos entrevistados.

A Quaest mostra ainda um país dividido - "polarizado", no termo usado pela mídia liberal - em um cenário ainda bastante próximo ao do resultado das eleições presidenciais, vencidadas por Lula por 50,9% contra 49,1%.

Entre aqueles que votaram no petista, 90% aprovam o trabalho que ele está fazendo, contra 9% de desaprovação. Já entre os que votaram em Bolsonaro, 83% desaprovam Lula e 15% aprovam Lula.

A polarização é refletida na avaliação do governo, que registra 36% de positivo, 32% de regular e 29% de negativo. O índice de aprovação está 4 pontos abaixo da primeira pesquisa, quando 40% avaliavam o govenro como positivo e 20% como negativo - outras 24% classificavam como regular em fevereiro.

Na pesquisa atual, entre os lulistas, o governo tem 22% de ótimo, 43% de bom e 29% de regular positivo. Já entre os bolsonaristas, 47% avaliam como péssimo, 20% como ruim e 24% como regular negativo.

Em relação a economia, 34% acham que melhorou, 33% que ficou do mesmo jeito e 31% que piorou. Para 55% dos eleitores de Lula houve melhora, enquanto para 64% dos bolsonaristas, uma piora.

A Quaest ouviu 2.012 pessoas em 120 cidades de todas as regiões do país entre os dias 14 e 18/12. A margem de erro é de 2.2 pontos percentuais e o nível de confiabilidade de 95%.

Veja mais dados da pesquisa Quaest.