Unidades da rede de supermercados Carrefour em várias partes do país foram ocupadas neste sábado (9), em uma ação do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). A ação faz parte da mobilização "Natal sem fome" do movimento, que busca evidenciar a falta de comida para as famílias mais pobres durante este período do ano.
"Nesta época do ano, é comum assistirmos pela TV cenas de mesa farta e presentes nas reuniões familiares. Mas a verdade é que grande parte das famílias brasileiras passará o Natal com fome ou sem a certeza de um prato de comida em todas as refeições", denunciou o MLB.
Foram ocupadas unidades em Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe. O movimento pretende denunciar o desperdício de alimentos nestes estabelecimentos e os crimes de racismo e homofobia registrados nestas unidades nos últimos anos.
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A escolha do Carrefour não foi à toa. A rede se viu envolvida recentemente em vários casos de violência e descaso com trabalhadores.
"O Carrefour carrega nas mãos o sangue de João Alberto, homem negro que foi espancado e asfixiado até a morte em uma loja da rede em Porto Alegre. E quem não se lembra do caso do Seu Moisés, promotor de vendas do Carrefour de Recife, que faleceu durante o trabalho e teve seu corpo coberto por guarda-sóis até o fim do expediente?", recorda o MLB, em outra postagem nas redes sociais.
Eis alguns casos em que o Carrefour se viu envolvido recentemente:
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- 5.mai.2023 – casal negro é agredido por funcionários de unidade em Salvador;
- 8.abr.2023 – mulher tira a roupa em unidade de Curitiba depois de dizer ter sido perseguida por seguranças;
- 19.nov.2020 – homem negro é espancado até a morte por seguranças do Carrefour em Porto Alegre;
- 19.ago.2020 – corpo de funcionário terceirizado que morreu durante o trabalho é coberto por guarda-sóis no Recife;
- 28.nov.2018 – funcionário matou cachorro que andava em estacionamento de unidade em Osasco.
Fogo em ônibus
Em uma das ocupações, em Natal (RN), ocorreu a deúncia de incêndio em um dos ônibus usados para transportar manifestantes para uma das unidades do Carrefourr. Veja abaixo:
Cestas básicas
"Estamos aqui reivindicando cestas básicas para as famílias que nesse natal não terão o que comer e também denunciando não apenas essa rede, mas tantas outras que lucram em cima da miséria do povo!", escreveu o MLB em uma das postagens nas redes sociais.
O MLB também justificou as ocupações do Carrefour pelo fato de a empresa apoiar os ataques de Israel contra o povo palestino.
"A rede também está apoiando a continuidade dos ataques e genocídio do estado de Israel contra o povo palestino. Nos últimos meses, abriram filiais em território ocupado ilegalmente e em novembro fizeram doações de milhares de mantimentos para os soldados israelenses, enquanto que para as famílias pobres negam um simples prato", pontuou o movimento.
"Não é justo que o grupo tenha tido um lucro líquido, nos primeiros quatro meses de 2022, de R$550 milhões de reais, enquanto que o povo passa fome", denunciou o MLB, em postagem nas redes.
O que diz o Carrefour
O Carrefour afirmou em nota que foi "surpreendido" este ano pela manifestação do movimento porque não foi procurado pelas lideranças do MLB para uma negociação. Disse que tem mantido diálogo aberto com as lideranças do MLB, com quem "tem contribuído anualmente, toda vez que as respectivas lideranças" procuraram a administração do grupo.
A empresa também afirmou que "o combate à fome e à desigualdade é um dos pilares prioritários do Grupo, compromisso mantido com inúmeros parceiros que têm dialogado com a empresa de forma permanente, em todas as regiões do País. Somente este ano doamos mais de 3.600 toneladas de alimentos, equivalente a mais de 14 milhões de refeições complementares".
Com informações do Brasil de Fato