AÇÃO ORQUESTRADA

Boulos reafirma defesa da causa palestina após ataques de bolsonaristas por foto na Cisjordânia

Extrema direita usa conflito entre Hamas e forças israelenses para criar fake news contra o deputado

Guilerheme Boulos, Juliano Medeiros e Fred Henriques, do PSOL, em Belém, na Cisjordânia (2018).Créditos: /Foto: Pedro Charbel
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O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato à prefeitura de São Paulo, está enfrentando uma campanha de desinformação coordenada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que aproveitam o aumento das tensões entre o grupo islâmico-palestino Hamas e o Estado de Israel para disseminar notícias falsas contra a esquerda brasileira.

Usuários de extrema-direita nas redes sociais resgataram uma foto de Boulos tirada em 2018, quando o deputado visitou a Cisjordânia e posou ao lado de uma mensagem de apoio à Palestina. Eles tentam falsamente associá-lo ao Hamas, alegando que o parlamentar "apoia o sequestro de mulheres, crianças e idosos em Israel".

Por meio de seu perfil no X, o antigo Twitter, Boulos rebateu as fake news que estão sendo disseminadas contra ele e reafirmou seu compromisso com a causa palestina.

"Minha defesa dos direitos do povo palestino é pública. Cheguei a visitar a Cisjordânia em 2018, da qual os bolsonaristas estão utilizando imagens para propagar notícias falsas. No entanto, condeno veementemente os ataques violentos a civis, como os que resultaram na morte de 250 israelenses e 232 palestinos nas últimas horas. Expresso minha solidariedade às vítimas e seus familiares", escreveu o parlamentar.

"Defendo uma solução pacífica e duradoura, que respeite o direito internacional e as resoluções de paz", prosseguiu Boulos.

 "Tempestade Al-Aqsa": entenda a escalada do conflito entre Hamas e Israel 

A tensão no Oriente Médio escalou neste sábado (6), quando o grupo político islâmico-palestino Hamas lançou um ataque surpresa e sem precedentes contra Israel. O comandante militar do movimento armado, Muhammad Al-Deif, convocou um "levante geral" contra Estado israelense, declarando que "esta é a hora de usar armas".

Denominada "Tempestade Al-Aqsa", em referência a uma mesquita cujo acesso foi bloqueado por Israel, investida é uma reação dos palestinos à opressão a que são submetidos pelos israelenses há décadas em meio à subtração de seu território. O Hamas exige libertação de seus presos políticos e o fim da ocupação e do cerco à Faixa de Gaza. 

"O povo palestino e sua resistência estão a levar a cabo uma operação para defender o povo, a terra e os locais sagrados", diz nota divulgada pelo grupo. 

O Hamas iniciou a investida disparando 5 mil foguetes e mísseis em cidades israelenses e entrou no país com centenas de homens armados via terra, água e ar, o que gerou uma resposta imediata das Forças de Defesa de Israel (IDF), que mobilizaram soldados e declararam "alerta de estado de guerra". Os confrontos já deixaram mais de 900 mortos entre os dois lados do conflito, além de milhares de feridos. 

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que o Hamas cometeu um "grave erro" ao declarar guerra a Israel, enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em um vídeo divulgado através das redes sociais, afirmou que seu país "está em guerra" e que o Hamas "pagará um preço que nunca conheceu". 

"Estamos em guerra e vamos ganhar", disparou o chefe de Estado israelense.  

O Hamas divulgou um comunicado oficial em que afirma que o ataque é uma operação militar de retomada dos territórios ocupados ilegalmente por Israel. O grupo acusa as forças israelenses de estarem impedindo o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, importante templo para os palestinos muçulmanos. Além disso, o Hamas também exige a liberação dos presos políticos palestinos e o fim da ocupação.

"A abençoada operação Tempestade de Al-Aqsa é uma vitória para a justiça da causa palestina e para o direito do povo palestino à liberdade, à dignidade, à libertação e ao regresso às suas terras de onde foram deslocados à força", diz um trecho do comunicado. 

O conflito entre Israel e Palestina é uma saga de décadas. Sua forma moderna tem raízes em 1947, quando as Nações Unidas apresentaram uma proposta de criação de dois Estados, um judeu e outro árabe, na Palestina, que estava sob o mandato britânico na época. Em 1948, Israel foi oficialmente reconhecido como uma nação independente. No entanto, a história subsequente viu a gradual subtração de território palestino por ocupações israelenses ao longo dos anos, alimentando um ciclo de tensões e confrontos armados contínuos na região.