O segundo dia de conflito entre o braço armado do Hamas, grupo islâmico-palestino que controla a Faixa de Gaza e que reivindica a retomada do território da Palestina ocupado por israelenses, e o Estado de Israel, entrou no segundo dia, neste domingo (8), com ainda mais violência.
Diversos bombardeios foram registrados em Gaza e em cidades israelenses e o número de mortos segue aumentando diante do revide das forças militares de Israel, que afirmam terem recuperado o controle da maioria dos pontos de infiltração do Hamas e matado centenas de militantes armados palestinos. Até o momento, segundo autoridades dos dois lados do conflito, mais de 900 pessoas morreram e outras milhares ficaram feridas em meio aos confrontos.
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A tensão aumentou ainda mais na manhã deste domingo por conta de uma intervenção do Hezbollah, organização política e paramilitar islâmica do Líbano, que lançou mísseis contra três posições militares israelenses e uma região denominada Fazendas de Sheeba, território reivindicado pelos libaneses ocupado por Israel desde 1967. O ataque do Hezbollah, segundo o próprio grupo, se deu em "solidariedade" ao povo palestino.
Forças militares israelenses, então, responderam à investida do Hezbollah com ataques ao Sul do Líbano utilizando mísseis e drones.
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A comunidade internacional acompanha com atenção e preocupação a escalada do conflito. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin "Bibi" Netanyahu, e ofereceu "apoio total" ao país para dar resposta ao ataque do Hamas. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, se disse "chocado" com a investida da organização islâmica-palestina e anunciou que "não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU".
"Tempestade Al-Aqsa": entenda a escalada do conflito entre Hamas e Israel
A tensão no Oriente Médio escalou neste sábado (6), quando o grupo político islâmico-palestino Hamas lançou um ataque surpresa e sem precedentes contra Israel. O comandante militar do movimento armado, Muhammad Al-Deif, convocou um "levante geral" contra Estado israelense, declarando que "esta é a hora de usar armas".
Denominada "Tempestade Al-Aqsa", em referência a uma mesquita cujo acesso foi bloqueado por Israel, investida é uma reação dos palestinos à opressão a que são submetidos pelos israelenses há décadas em meio à subtração de seu território. O Hamas exige libertação de seus presos políticos e o fim da ocupação e do cerco à Faixa de Gaza.
"O povo palestino e sua resistência estão a levar a cabo uma operação para defender o povo, a terra e os locais sagrados", diz nota divulgada pelo grupo.
O Hamas iniciou a investida disparando 5 mil foguetes e mísseis em cidades israelenses e entrou no país com centenas de homens armados via terra, água e ar, o que gerou uma resposta imediata das Forças de Defesa de Israel (IDF), que mobilizaram soldados e declararam "alerta de estado de guerra". Os confrontos já deixaram ao menos 600 mortos entre os dois lados do conflito, além de milhares de feridos.
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, afirmou que o Hamas cometeu um "grave erro" ao declarar guerra a Israel, enquanto o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em um vídeo divulgado através das redes sociais, afirmou que seu país "está em guerra" e que o Hamas "pagará um preço que nunca conheceu".
"Estamos em guerra e vamos ganhar", disparou o chefe de Estado israelense.
O Hamas divulgou um comunicado oficial em que afirma que o ataque é uma operação militar de retomada dos territórios ocupados ilegalmente por Israel. O grupo acusa as forças israelenses de estarem impedindo o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, importante templo para os palestinos muçulmanos. Além disso, o Hamas também exige a liberação dos presos políticos palestinos e o fim da ocupação.
"A abençoada operação Tempestade de Al-Aqsa é uma vitória para a justiça da causa palestina e para o direito do povo palestino à liberdade, à dignidade, à libertação e ao regresso às suas terras de onde foram deslocados à força", diz um trecho do comunicado.
O conflito entre Israel e Palestina é uma saga de décadas. Sua forma moderna tem raízes em 1947, quando as Nações Unidas apresentaram uma proposta de criação de dois Estados, um judeu e outro árabe, na Palestina, que estava sob o mandato britânico na época. Em 1948, Israel foi oficialmente reconhecido como uma nação independente. No entanto, a história subsequente viu a gradual subtração de território palestino por ocupações israelenses ao longo dos anos, alimentando um ciclo de tensões e confrontos armados contínuos na região.
Leia a íntegra da nota do Hamas sobre a investida contra Israel:
"À luz da abençoada operação militar anunciada pelas vitoriosas Brigadas Mártires Izz al-Din al-Qassam, "Tempestade de Al-Aqsa", que começou esta manhã em resposta à agressão sionista contra o nosso povo, os nossos prisioneiros, à nossa terra e as nossas santidades, que não pararam apesar das advertências emitidas pelo movimento Hamas e pelas facções de resistência, de que o inimigo sionista está a brincar com fogo através da continuação dos seus crimes e das suas políticas fascistas, que visam a existência palestina e as suas santidades islâmicas e cristãs, no centro da qual está a abençoada Mesquita de Al-Aqsa, que está a ser alvo de frenéticas tentativas de colonização para a dividir no tempo e no espaço e impedir o nosso povo de rezar nela, marcando a construção do seu alegado templo.
Apelamos a todos os meios de comunicação social para acompanhar este processo.
A abençoada operação "Tempestade de Al-Aqsa" é uma vitória para a justiça da causa palestina e para o direito do povo palestino à liberdade, à dignidade, à libertação e ao regresso às suas terras de onde foram deslocados à força, e adotando a narrativa palestina, assumindo as posições e informações emitidas pelo movimento e pelas Brigadas Shahd izz al-Din al-Qassam na batalha da "Tempestade de Al-Aqsa" em defesa do povo palestino e seus lugares sagrados.
Nesse contexto, ressaltamos a importância de dar maior atenção aos seguintes conteúdos políticos e midiáticos, de acordo com o seguinte:
Primeiro: O povo palestino e sua resistência, liderados pelo livro do Shahd izz al-Din al-Qassam, estão a levar a cabo uma operação para defender o povo, a terra e os locais sagrados.
Segundo: A ocupação tem total responsabilidade pelas consequências dos seus crimes contra a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, e contra o nosso povo na Cisjordânia e em toda a Palestina ocupada.
Terceiro: A prioridade desta operação é proteger Jerusalém e Al-Aqsa e impedir os planos da ocupação que visam judaizá-los e construir o seu alegado templo sobre as ruínas da primeira qibla [direcionamento das orações] aos muçulmanos.
Quarto: A libertação dos prisioneiros das prisões da ocupação fascista é uma das mais importantes questões nacionais, políticas e humanitárias. A sua liberdade é um direito e um dever, e constitui uma das prioridades mais importantes do nosso povo palestino e da sua gloriosa resistência.
Quinto: Enfatizando que esta batalha é a batalha da nação árabe e islâmica, pois o povo palestino defende o arabismo de Jerusalém e o islamismo da mesquita de Al-Aqsa, e isso requer a vitória de todos os meios disponíveis, através de manifestações nas capitais árabes e islâmicas e fornecendo todas as ferramentas de apoio à firmeza do nosso povo palestino e à sua valente posição.
Sexta: Os países árabes e islâmicos têm a responsabilidade direta de se oporem à ocupação e exigirem o seu fim, e de trabalharem para apoiar o povo palestino política, diplomática e financeiramente, de todas as formas, e em todos os fóruns e organizações internacional.
Escritório Central de Mídia - Movimento de Resistência Islâmica - Hamas"