FAIXA DE GAZA

Conflito entre o Hamas e o Estado de Israel já deixou pelo menos 900 mortos

Grupo islâmico-palestino emitiu comunicado explicando sua versão para a operação militar: “Estamos protegendo nosso povo e os locais sagrados”; A imprensa internacional especula que o Estado de Israel faça uma ofensiva terrestre na próxima madrugada

Área da Faixa de Gaza destruída por bombardeios israelenses em 2009.Créditos: gloucester2gaza/Wikimedia Commons
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Na manhã deste sábado (7) o Hamas, grupo político islâmico-palestino considerado terrorista por uma série de países ocidentais, empreendeu a chamada “Tempestade Al-Aqsa”, uma operação militar surpresa para agredir Israel, a quem alega estar intensificando as políticas de invasão da Faixa de Gaza. Como resposta, o governo israelense do premiê Benjamin Netanyahu lançou a operação “Espadas de Ferro”, que consiste no bombardeio da cidade de Gaza. Ao todo, o conflito já deixou pelo menos 900 mortos.

O Hamas emitiu uma nota pública explicando a razão da sua operação. “O povo palestino e sua resistência estão a levar a cabo uma operação para defender o povo, a terra e os locais sagrados,” diz a nota.

O movimento acusa a ocupação israelense, lembrando que todo o território de Israel era controlado pelos palestinos antes de 1947, de estar impedindo o acesso à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, importante templo para os palestinos muçulmanos. Além disso, o grupo também exige a liberação dos presos políticos palestinos e o fim da ocupação.

“A libertação dos prisioneiros das prisões da ocupação fascista é uma das mais importantes questões nacionais, políticas e humanitárias. A sua liberdade é um direito e um dever, e constitui uma das prioridades mais importantes do nosso povo palestino e da sua gloriosa resistência (…) Os países árabes e islâmicos têm a responsabilidade direta de se oporem à ocupação e exigirem o seu fim, e de trabalharem para apoiar o povo palestino política, diplomática e financeiramente, de todas as formas, e em todos os fóruns e organizações internacional”, finaliza o comunicado.

Na Tempestade Al-Aqsa, o Hamas lançou uma série de mísseis e foguetes contra o território hoje controlado por Israel. Cerca de 2 mil combatentes também derrubaram muros, checkpoints e tomaram bases da IDL (Israeli Defense Forces), adentrando o território. De acordo com informações do lado israelense, atiradores palestinos estariam realizando massacres e fazendo reféns em 22 localidades no sul do país.

De acordo com as autoridades israelenses, o ataque – que já o maior desde a Guerra do Yom Kippur, quando forças árabes invadiram o país há 50 anos – já deixou pelo menos 300 mortos e 1100 feridos.

Já a resposta de Israel, que bombardeou até mesmo hospitais na Faixa de Gaza, deixou 232 mortos no lado palestino, além de outros mil feridos.

A ONG Médicos Sem Fronteiras que atua na Faixa de Gaza denunciou os bombardeios a hospitais, equipamentos de saúde e a morte médicos e enfermeiros. Entre as instituições afetadas, estão o Hospital Indonésio e o Hospital Nasser, ambos na cidade de Gaza.

“Pedimos a todas as partes que respeitem as infraestruturas de saúde, que precisam continuar sendo um santuário para as pessoas que estão em busca de tratamento”, diz a Médicos Sem Fronteiras em nota.

A imprensa internacional especula que o Estado de Israel faça uma ofensiva terrestre na próxima madrugada.

A seguir, o comunicado do Hamas na íntegra

"À luz da abençoada operação militar anunciada pelas vitoriosas Brigadas Mártires Izz al-Din al-Qassam, "Tempestade de Al-Aqsa", que começou esta manhã em resposta à agressão sionista contra o nosso povo, os nossos prisioneiros, à nossa terra e as nossas santidades, que não pararam apesar das advertências emitidas pelo movimento Hamas e pelas facções de resistência, de que o inimigo sionista está a brincar com fogo através da continuação dos seus crimes e das suas políticas fascistas, que visam a existência palestina e as suas santidades islâmicas e cristãs, no centro da qual está a abençoada Mesquita de Al-Aqsa, que está a ser alvo de frenéticas tentativas de colonização para a dividir no tempo e no espaço e impedir o nosso povo de rezar nela, marcando a construção do seu alegado templo.

Apelamos a todos os meios de comunicação social para acompanhar este processo.

A abençoada operação "Tempestade de Al-Aqsa" é uma vitória para a justiça da causa palestina e para o direito do povo palestino à liberdade, à dignidade, à libertação e ao regresso às suas terras de onde foram deslocados à força, e adotando a narrativa palestina, assumindo as posições e informações emitidas pelo movimento e pelas Brigadas Shahd izz al-Din al-Qassam na batalha da "Tempestade de Al-Aqsa" em defesa do povo palestino e seus lugares sagrados.

Nesse contexto, ressaltamos a importância de dar maior atenção aos seguintes conteúdos políticos e midiáticos, de acordo com o seguinte:

Primeiro: O povo palestino e sua resistência, liderados pelo livro do Shahd izz al-Din al-Qassam, estão a levar a cabo uma operação para defender o povo, a terra e os locais sagrados.

Segundo: A ocupação tem total responsabilidade pelas consequências dos seus crimes contra a Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, e contra o nosso povo na Cisjordânia e em toda a Palestina ocupada.

Terceiro: A prioridade desta operação é proteger Jerusalém e Al-Aqsa e impedir os planos da ocupação que visam judaizá-los e construir o seu alegado templo sobre as ruínas da primeira qibla [direcionamento das orações] aos muçulmanos.

Quarto: A libertação dos prisioneiros das prisões da ocupação fascista é uma das mais importantes questões nacionais, políticas e humanitárias. A sua liberdade é um direito e um dever, e constitui uma das prioridades mais importantes do nosso povo palestino e da sua gloriosa resistência.

Quinto: Enfatizando que esta batalha é a batalha da nação árabe e islâmica, pois o povo palestino defende o arabismo de Jerusalém e o islamismo da mesquita de Al-Aqsa, e isso requer a vitória de todos os meios disponíveis, através de manifestações nas capitais árabes e islâmicas e fornecendo todas as ferramentas de apoio à firmeza do nosso povo palestino e à sua valente posição.

Sexta: Os países árabes e islâmicos têm a responsabilidade direta de se oporem à ocupação e exigirem o seu fim, e de trabalharem para apoiar o povo palestino política, diplomática e financeiramente, de todas as formas, e em todos os fóruns e organizações internacional.

Escritório Central de Mídia - Movimento de Resistência Islâmica - Hamas"