YANOMAMIS

Yanomami, um genocídio que tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro

Número de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami passou de 20 mil em 2022; população dos povos originários na região é de 28 mil

Lula durante visita à Terra Yanomami.Créditos: Ricardo Stuckert
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O Território Yanomami, maior reserva indígena do Brasil, vive uma crise sanitária e de segurança alimentar sem precedentes.

O responsável direto para mais esse genocídio, de acordo com inúmeros especialistas consultados, é o governo de Jair Bolsonaro que, além de destrancar a porta do território para garimpeiros, cortou recursos para a saúde dos indígenas.

De acordo com o Ministério dos Povos Indígenas, entre 2019 e 2022, durante o mandato de Bolsonaro, ao menos 570 crianças teriam morrido de fome, desnutrição e contaminação pelo mercúrio em 2022. O aumento é de quase 30% em relação aos 4 anos anteriores.

Estima-se que atualmente, o número de garimpeiros no Terra Indígena Yanomami passou de 20 mil em 2022. A população dos povos originários na região é de 28 mil.

Genocídio

O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirma que o que ocorre na região tem “forte materialidade de genocídio”.

Dario Kopenahua, vice-presidente da associação indígena Hutukara, uma das sete que representam as lideranças políticas locais, afirmou em entrevista à Natuza Nery que "nossos idosos, mulheres, crianças e jovens estão morrendo contaminados de mercúrio”, e completou: "o governo Bolsonaro cortou recurso da saúde indígena e saúde do Brasil. Então isso enfraqueceu e desmobilizou bastante essa assistência da saúde pública."

Dario relata ainda que embora a cultura dos povos originários no território considere inadequado fotografar pessoas doentes – como as imagens chocantes que têm circulado em redes e jornais – há quem considere que os registros chamam atenção para a gravidade da situação.

"Falta consulta nas aldeias", diz. "Por outro lado, é para chamar atenção dos indígenas, dos governos estaduais e do povo brasileiro para apoiar e salvar a vida do povo Yanomami."

Pior situação de saúde e humanitária

Já o médico André Siqueira, do Instituto Nacional de Infectologia da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), que está nas terras yanomami desde segunda-feira (16), enviado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas-OMS), afirma ter testemunhado "a pior situação de saúde e humanitária" que já viu.

"O que vimos foi uma situação muito precária em termos de saúde, com pacientes acometidos por desnutrição grave, infecções respiratórias, muitos casos de malária e doenças diarreicas. Junto a isso, uma escassez de equipes e de estrutura", disse o médico em entrevista à BBC News Brasil.

Siqueira diz que se deparou com casos de desnutrição extrema em famílias inteiras. Emocionado, o médico confessou que é muito difícil enfrentar essa situação, que classifica como "catastrófica" e "desastrosa".

"Presenciar na prática esse nível de sofrimento é muito pesado. Na hora a gente encara e vai no automático. Mas depois, quando cai a ficha, vemos como é uma situação difícil."

"A gente compara com nossos filhos. Vemos os pais, as crianças e toda a comunidade sofrendo. E, mesmo diante de tanta dificuldade, há um senso de coletividade muito grande. Mesmo as pessoas com fome, quando recebem algum alimento, tentam dividir com quem está ali", completa.

Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma visita à região no sábado (21/1) e classificou a situação como "desumana".

O Ministério da Saúde anunciou uma série de ações para tentar controlar a crise — como a instalação de um hospital de campanha e o envio de insumos e profissionais de saúde.

Já o Ministério da Justiça determinou a abertura de um inquérito para "apurar o crime de genocídio" na região.

Com informações do Globo aqui e aqui