FARSA JATO

Dallagnol diz que ação terrorista "foi erro crasso": "fortaleceu o governo que pretendia enfraquecer"

Em análise rasa e inescrupulosa - e sem provas -, ex-procurador-chefe da Lava Jato concorda com "muitos comentários" que argumentam que a ação terrorista "foi uma forma de expressar a indignação".

Ação terrorista no Planalto, Sergio Moro e Deltan Dallagnol.Créditos: Twitter / Instagram
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Em uma análise rasa e inescrupulosa, o ex-procurador-chefe da Lava Jato, o deputado federal diplomado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) afirma em artigo em um jornal ultraconservador que a ação terrorista que destruiu o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o edifício-sede do Supremo Tribunal Federal (STF), desencadeada por golpistas apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), foi simplesmente "um erro crasso".

"A invasão dos prédios dos Três Poderes no dia 8 de janeiro foi um erro crasso", diz Dallagnol abrindo o artigo em que menciona de forma superficial os crimes contra a democracia e os bens públicos e centra em ataques a Lula e ao governo.

"Se o objetivo do ato era derrubar ou enfraquecer o governo do PT, a invasão o fortalece em muitos aspectos. Foi um erro “crasso”, para usar a expressão que remete aos erros praticados por Marco Licínio Crasso", citando o comandante militar romano que "na ânsia da glória de conquistar o Império Parta, seguiu por atalhos, cometendo uma série de erros grosseiros de planejamento e estratégia".

"No dia 8 de janeiro houve similarmente o abandono de uma estratégica segura, a oposição democrática contra retrocessos do governo petista, para atacá-lo com ânsia e desespero, o que só trouxe perda aos opositores de Lula e força aos seus aliados", seguiu.

Segundo Dallagno, "a insurgência dos invasores [...] fortalece Lula, que se posicionou nas eleições como elo de união do campo democrático"

"Chefes dos Poderes se uniram e todos os governadores ou seus representantes, inclusive os opositores, reuniram-se presencialmente para demonstrar união. Ganhou força a narrativa falsa de que os opositores do governo seriam inimigos da democracia", escreve o procurador, que declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno das eleições.

Após uma série de acusações descabidas a Lula e ao PT, Dallagnol ainda mira o ministro do STF, Alexandre de Moraes, que à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem agido para evitar um golpe propagado por Bolsonaro desde que assumiu o poder, em 2019.

"Esse episódio deu respaldo ainda ao trabalho do ministro Alexandre de Moraes. Ele viu várias de suas ações serem retrospectivamente legitimadas, em maior ou menor grau, como medidas necessárias para proteger a democracia, debaixo do guarda-chuva da tese da democracia militante, em que a restrição de direitos fundamentais se justifica para proteger a própria democracia".

Sem provas, como agia nos tempos de Ministério Público Federal, Dallagnol ataca dizendo ainda que "há uma preocupação disseminada de que o PT implemente uma política econômica desastrosa", buscando culpar Lula pelo golpe que seria dado.

"O economista Leo Siqueira afirmou que a instabilidade política prejudica o crescimento econômico e se retroalimenta- – um golpe aumenta o risco de novos golpes. Além disso, segue o economista, a instabilidade reduz o investimento estrangeiro e retira o foco das reformas importantes para o Brasil".

Por fim, Dallagnol concorda com os "muitos comentários nas redes sociais de pessoas que, como eu, opuseram-se à invasão, mas que argumentaram que ela foi uma forma de expressar a indignação de parte significativa da sociedade".

"muitos comentários nas redes sociais de pessoas que, como eu, opuseram-se à invasão, mas que argumentaram que ela foi uma forma de expressar a indignação de parte significativa da sociedade", segue Dallagnol, escrevendo o óbvio, antes de finalizar afirmando que "a investida contra a democracia pelos invasores também parece ser um tiro no próprio pé ou, no mínimo, contraditória".