O esquema de segurança do ex-presidente Lula (PT), favorito em todas as pesquisas de intenção de voto para o pleito presidencial de outubro, ganhou novos reforços e protocolos mais rígidos, por conta das crescentes ameaças dirigidas ao pré-candidato e dos três incidentes registrados em suas atividades de campanha ocorridos nos últimos dois meses, ainda que o político resista a aceitá-los.
Já no jantar realizado neste último domingo (26), no qual Lula e Geraldo Alckmin, o candidato a vice de sua chapa, receberam mais de 200 convidados, entre advogados e empresários que fizeram doações para a campanha, dois pórticos com detecção de metal foram instalados na entrada do restaurante que sediou o evento, numa área nobre de São Paulo.
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Com um reforço numeroso de guarda-costas na frente e nos acessos ao estabelecimento, todos os participantes precisaram deixar seus celulares com organizadores, antes de ingressar no local onde estavam as mesas. Ainda não ficou claro se todos terão que passar por revistas pessoais a partir de agora, mas essa é uma medida claramente em discussão e pretendida pelos responsáveis por sua segurança.
Uma outra implantação que está sendo pensada por todos e enfrenta resistência por parte de Lula é de programar sua agenda apenas para eventos em locais fechados e previamente revistados, com rígido controle de quem entra nas dependências. Lula deseja fazer sua campanha na rua, e inclusive é instado o tempo todo por bolsonaristas para que saia em locais públicos, uma provocação que visa a colocar o líder de esquerda em condições vulneráveis para que as hostes mais radicais e violentas que seguem o atual presidente de extrema-direita tentam algum tipo de ataque contra sua vida.
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Os agentes que ficam próximos ao presidente durante seus discursos e enquanto ele participa de encontros também farão, desde já, uma proteção mais ostensiva, evitando situações em que alguém que tenha burlado o esquema de segurança se aproxime fisicamente dele, como ocorreu durante o evento de lançamento, na terça-feira (21), das diretrizes que servirão de base para o programa de governo do pré-candidato petista, quando três bolsonaristas conseguiram entrar num hotel de alto padrão da capital paulista, no espaço reservado a convidados, e um deles tentou investir contra Lula, o xingando e caminhando em sua direção, a poucos metros de distância.
Segurança atenta
No caso do invasor que se aproximou de Lula para ofendê-lo no lançamento de seu programa de governo, os guarda-costas agiram rapidamente. Alguns detiveram o jovem identificado como Caíque Mafra, seguidor fanático de Jair Bolsonaro e pré-candidato a deputado estadual pelo Republicanos, enquanto outros se aproximaram por trás do ex-presidente para protegê-lo. O agressor foi rapidamente retirado do local e depois conduzido a uma delegacia de polícia para registro da ocorrência. Instantes após o episódio, o presidente da Fundação Perseu Abramo, o ex-senador Aloizio Mercadante, informou que a plataforma on-line do evento, por onde o ato era transmitido na internet, vinha sofrendo uma sequência de ataques por parte de bolsonaristas durante o dia.
Um episódio que mostrou também a capacidade de reação de sua segurança e ganhou os noticiários foi a tentativa de interceptação de sua comitiva após um almoço em Campinas (SP), dia 5 de maio. Um grupo numeroso de guarda-costas amparou os veículos que transportavam o círculo mais próximo do líder de esquerda e um deles causou furor por descer armado com uma submetralhadora HK UMP 40. Mas essa não foi a única ação de seus protetores profissionais.
Em 18 de maio, na cerimônia de casamento de Lula e de Rosângela Silva, a Janja, um penetra perambulou por mais de três horas, antes da chegada dos noivos, entre os convidados e sequer teve seu celular deixado com os organizadores da festa na entrada, como ocorreu com todos os participantes do casório. Depois de notado, ele foi expulso do local pela segurança.
Por razões de segurança, também, uma viagem de Lula a Santa Catarina que ocorreria nos dias 2 e 3 de junho foi suspensa, conforme anúncio oficial do PT. Embora um imbróglio político estivesse no centro da visita (envolvendo pré-candidatos do PT e PSB ao governo do Estado), o que de fato fez com que a ida fosse suspensa foi uma ameaça detectada em terras catarinenses. Sem conseguir um local com segurança adequada, fechado e com controle de entrada, a equipe de guarda-costas orientou pelo adiamento dos encontros, que já estavam na mira de extremistas bolsonaristas, flagrados em conversas cibernéticas.
No caso da presença de Lula em Porto Alegre, que ocorreu em 1° de junho, a intenção do ex-presidente era fazer uma caminhada pelo centro histórico da capital gaúcha, mas como a área é repleta de edifícios altos e com muitas janelas, sacadas e terraços, sua equipe de segurança, após vistoriar o local, orientou o pré-candidato e seu staff a não passarem por lá. Lula se reuniu num local mais controlado e sob vigilância, com entrada sob condições de minuciosa revista e com detectores de metal.