Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF), divulgadas em reportagem de Aguirre Talento e Patrik Camporez no jornal O Globo desta terça-feira (26), revela que o lobby de Jair Renan Bolsonaro para empresários do setor de mineração do Espírito Santo tinha como objetivo a construção de "vilas experimentais" com construções de pedra de granito para as três Forças Armadas: Exército, Marinha e Aeronáutica. O material faz parte do inquérito em que o filho de Jair Bolsonaro (PL) é investigado por tráfico de influência.
Em áudio transcrito pela PF, a arquiteta Tânia Fernandes, responsável pela reforma do escritório de Jair Renan em Brasília, fala ao filho "04" do presidente de uma conversa o assessor da Presidência, Joel Novaes, a respeito de uma visita de empresários John Thomazini e Wellington Leite, do Espírito Santo, ao Palácio do Planalto.
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"Renan amado, eu falei com o Joel, eu vou apresentar o projeto do John quinta-feira de manhã, seu pai vai apresentar o projeto dele quinta-feira de manhã lá pros ministros e tudo mais, e à tarde fazer um passeio com ele e com o Wellington lá na Presidência pra até pra tentar apresentar pro teu pai, entendeu? Pro teu pai recebê-los pra entender, enfim, trocar ali miúdos pra o Exército, Aeronáutica, enfim, a Marinha abraçarem a causa para fazer a primeira vila já experimental, entendeu? E aí seria interessante você muito ir porque o teu acesso é mil vezes mais fácil do que o do Joel né?", diz a arquiteta, que confirmou o pedido ao jornal, mas disse que Jair Renan não quis se envolver no negócio e não realizou nenhuma intermediação com o governo federal.
A mensagem foi enviada no dia 17 de novembro de 2020. Dois dias depois, foi registrado pelo Palácio do Planalto a visita do empresário Wellington Leite, cujo destino foi o gabinete pessoal do Presidente da República. Em março de 2021, Leite publicou uma foto com Bolsonaro no Planalto em suas redes sociais, parabenizando o presidente pelo aniversário.
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A visita do empresário não consta em agendas oficiais do Planalto.
A O Globo, o advogado Frederick Wassef, que faz a defesa da prole de Bolsonaro, afirma que os empresários "solicitaram reunião como qualquer pessoa do povo pode e tem o direito de solicitar, por vias legais, via e-mail, tudo oficial".
A arquiteta disse ao jornal que os áudios "foram sonhos".
"Essas falas que você tem aí, esses áudios, foram sonhos. Sonhos para apresentar ao seu pai (Jair Bolsonaro), pra você mostrar lá pro Exército, enfim, isso aí só foram falas. Que a gente achava que ia acontecer e que não aconteceu. E de fato que coisa boa que não aconteceu. A gente precisou fazer muito estudo na casa. O projeto é lindo e maravilhoso, mas não teve nada demais. Era tudo muito desconhecido para todo mundo.