O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), empregou entre 2011 a 2021, ao longo de seus três mandatos na Casa, sete parentes de seu assessor parlamentar e amigo Djair Marcelino da Silva, conforme levantamento da Agência Pública.
De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF) de 2018, decorrente da Operação Taturana, deflagrada em 2007 pela Polícia Federal (PF), Djair é apontado como operador como operador de um esquema de "rachadinhas" na Assembleia Legislativa de Alagoas. O esquema teria sido liderado por Lira quando ele ainda era deputado estadual (2001-2007).
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Atualmente, apenas Luciano José Lessa de Oliveira, sobrinho de Djair, está lotado no gabinete do líder do Centrão como secretário parlamentar, mas há indícios de que ele não costuma aparecer na Câmara.
Lessa é dono de uma gráfica em Maceió (AL), a Sete Comunicação Visual. Ele foi flagrado pela Agência Pública cinco vezes no local em horário comercial.
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"Eu passo o dia todo fora, de vez em quando venho aqui na bodega [na gráfica] porque tenho três gatos, aí passo para colocar a comida dos gatos, boto a máquina para dar uma esquentada para não perder ela, porque não estou utilizando ela", justificou Lessa, ao ser procurado. Vizinhos ouvidos pela Pública, no entanto, disseram que "ele costuma passar o dia na gráfica".
Não frequenta escritório de Maceió
Arthur Lira tem escritório em Maceió, mas Lessa disse que quase não o frequenta, cuidando apenas da “comunicação visual” do político. "Desde a campanha de 2010 que fiquei encarregado de ficar fazendo as partes de comunicação visual dele, que é camisa, placa, faixa", contou.
"A minha função é fazer a ponte entre o que a agência de publicidade manda de layout e as gráficas, fazer cotação de preço, ficar brigando por desconto, e depois passo para o financeiro", explicou.
Na prestação de contas do gabinete de Arthur Lira dos últimos quatro anos, no entanto, não foram localizados registros de gastos com material impresso nem com gráficas.
O que diz Lira
Arthur Lira informou por meio de nota que Djair trabalha no gabinete local do deputado em Maceió prestando funções relacionadas ao cargo que ocupa. Já o servidor Luciano Lessa, "exerce o trabalho de base junto à comunidade, com acompanhamento e monitoramento da mídia local e possui uma empresa, sem qualquer vínculo com sua atividade no gabinete". Em relação aos outros parentes de Djair, o deputado afirmou que "alguns foram servidores, em cargo de confiança, em épocas distintas e já totalmente desligados". "Os processos referentes à operação Taturana foram analisados pela Justiça de Alagoas. O deputado foi absolvido", acrescentou.
11 anos
Lessa está lotado no gabinete de Arthur Lira desde o início do primeiro mandato do político na Câmara dos Deputados, em 7 de fevereiro de 2011. Ele já tocava na época a Sete Comunicação havia um ano, conforme registro na Receita Federal. Ele ganha da Câmara um salário bruto de R$ 5.726,13 mais auxílio de R$ 982,29. Ele contou que trabalhou na campanha de Lira nas eleições de 2010, a convite do tio Djair, e que, posteriormente, foi convidado a integrar o quadro de funcionários do gabinete. Luciano disse ainda que não vai a Brasília. "Lido aqui direto, com o pessoal de Maceió".
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