O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), pediu que o procurador-geral da República, Augusto Aras, apresente novo parecer sobre caso contra o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A PGR recuou de denúncia contra o deputado três meses após apresentá-la.
Fachin alegou que o procurador não poderia voltar atrás na apresentação da denúncia referente ao "Quadrilhão do PP" e pediu que Aras fosse imediatamente oficiado da decisão. O ofício foi expedido na quarta-feira (15).
No início de 2020, a subprocuradora Lindôra Araújo afirmou em denúncia que “resta provado, para muito além de meras palavras de colaboradores, que o Deputado Federal ARTHUR CÉSAR PEREIRA DE LIRA recebeu, em duas vezes, indiretamente, vantagem indevida de R$ 1.598.700,00 (um milhão, quinhentos e noventa e oito mil e setecentos reais), em razão da função pública, provenientes de valores desviados de obras da PETROBRAS S/A, pela empresa QUEIROZ GALVÃO”.
A subprocuradora também detalhou o funcionamento da engenharia financeira estruturada para lavar o dinheiro que, segundo ela, foi entregue “em espécie” ao deputado que comanda a Câmara.
“Em momento posterior, o dinheiro foi fracionado e transferido ao exterior ( crime de evasão de divisas) e depois novamente internalizado mediante operações paralelas de câmbio, conhecida por operação dólar-cabo. O valor foi devolvido a ALBERTO YOUSSEF, responsável por entregar o dinheiro em espécie a assessor do parlamentar ARTHUR DE LIRA”.
Em setembro, no entanto, voltou atrás e alegou que "não há elementos nos autos que comprovem o elo entre o parlamentar e a Queiroz Galvão". "Não consta da planilha de controle do ‘caixa de propina’ à disposição do Partido Progressista nenhuma informação de que os referidos valores seriam destinados a ARTHUR CÉSAR PEREIRA LIRA (consta a informação de que o ‘dinheiro foi para BSB destinado a políticos do PP / Liderança’)”, disse ainda.
Apesar de não ser presidente da Câmara na época, Lira era líder do centrão e já estava bem próximo do governo Jair Bolsonaro.