OPINIÃO

Porta Giratória no Banco Central: Campos Neto e o Escândalo Nubank - Por Neiva Ribeiro

Não podemos aceitar que um presidente do BC saia de sua posição estratégica e, logo em seguida, passe a trabalhar em uma empresa que claramente se beneficiou de decisões tomadas durante seu mandato

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Presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. É formada em Letras, pós-graduada em Gestão Pública e Gestão Universitária. Foi secretária de Formação e Diretora Geral da Faculdade 28 de Agosto. É integrante do Comitê Mundial de Mulheres da UNI Global Unión (sindicato global), ocupando a vice-presidência da UNI América Mulheres.
Porta Giratória no Banco Central: Campos Neto e o Escândalo Nubank - Por Neiva Ribeiro
Roberto Campos Neto. Raphael Ribeiro/ BCB

A recente aproximação de Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), com o Nubank, levanta sérias preocupações sobre a chamada "porta giratória" entre cargos públicos e o mercado financeiro. Não podemos aceitar que um presidente do BC saia de sua posição estratégica e, logo em seguida, passe a trabalhar em uma empresa que claramente se beneficiou de decisões tomadas durante seu mandato. A situação se agrava pelo fato de o Nubank nem sequer ser um banco tradicional, mas, ainda assim, ter colhido benefícios significativos sob a gestão de Campos Neto.

É fundamental que questionemos a eficácia da quarentena imposta aos dirigentes do BC. A regulamentação existente é insuficiente para coibir o conflito de interesses que surge quando autoridades monetárias, que deveriam zelar pela estabilidade financeira e pelo interesse público, se movimentam diretamente para o mercado que até pouco tempo atrás regulavam.

Essa relação promíscua reforça a necessidade urgente de regulamentar o Sistema Financeiro Nacional e de rever a independência do Banco Central. A autonomia que hoje possui não significa independência para a população trabalhadora, mas sim subordinação aos interesses do mercado financeiro. Precisamos de um BC que responda às demandas da sociedade, e não que atue como braço direito do capital especulativo.

O Sindicato dos Bancários defende que o Banco Central esteja subordinado às diretrizes econômicas que visem o desenvolvimento nacional e o bem-estar social. Não podemos aceitar que a independência do BC signifique independência dos trabalhadores e total dependência do mercado. A atuação do mercado financeiro, que tem consistentemente boicotado medidas econômicas em prol da população, mostra o quanto o controle social sobre as decisões estratégicas do país é urgente e necessário.

Vamos continuar denunciando e cobrando regulamentações que protejam o interesse público. O caso de Campos Neto e o Nubank é mais um exemplo claro de como o sistema financeiro se articula para manter seus privilégios, e de como precisamos estar atentos e mobilizados para evitar retrocessos.

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