FASCISMO BOLSONARISTA

Bolsonaro faz comparação ridícula com Trump: é o Consenso de Washington, estúpido!

Apavorado com a iminente prisão, Bolsonaro, um ignorante confesso em economia, vangloria-se de ter antecipado mesmas medidas neoliberais que o bilionário Trump está buscando impor aos EUA

Jair Bolsonaro com Donald Trump na Casa Branca.Créditos: Alan Santos/PR
Escrito en OPINIÃO el

Apavorado com a aproximação do momento em que sentará no banco dos réus, no julgamento sobre a ação da quadrilha golpista que acontece no próximo dia 25 de março, Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo nas redes sociais em que faz uma comparação ridícula com Donald Trump, tentando mais uma vez colar sua imagem à do bilionário que preside os Estados Unidos.

No vídeo, Bolsonaro – que defendia a Petrobras estatizada antes de o sistema financeiro impor Paulo Guedes para permitir sua eleição em 2018 – se gaba de ter tomado medidas econômicas durante seu governo que foram implementadas ou anunciadas por Donald Trump em sua segunda passagem pela Casa Branca.

Para delírio da horda, o ex-presidente brasileiro, um ignorante confesso em economia, vangloria-se primeiramente de ter desregulamentado a economia, um dos princípios neoliberais para colocar fim à soberania dos países, deixando tudo à mercê dos lucros do mercado.

"Nós aqui revogamos junto com [o senador, ex-PSDB] Rogério Marinho 5 mil normas regulamentadoras. O Trump, quando assumiu, falou que ia seguir quatro eixos na sua economia. Primeiro é a desregulamentação e depois ele falou em desburocratização. Também com a equipe do Paulo Guedes nós transformamos a parte governamental, o Brasil no segundo país mais digital do mundo", diz.

Na segunda comparação, Bolsonaro mistura alhos com bugalhos ao falar de desburocratização – que é a destruição de regras para ação das empresas privadas – com digitalização de serviços públicos, um movimento que acontece em todas as nações em razão do desenvolvimento tecnológico.

Em seguida, Bolsonaro, que diz ser vítima do "establishment", fala justamente em uma das bandeiras mais proeminentes dos neoliberais que resultam no aumento do fosso da desigualdade entre ricos e pobres.

"Depois o Trump falou em diminuir a carga tributária inclusive para os super-ricos. Aqui é o contrário, ele [Lula] quer taxar de preferência quem está investindo. Esse capital acaba indo embora. Nós aqui, na diminuição da carga tributária, o exemplo foi claro: nós zeramos impostos federais dos combustíveis e botamos um teto no ICMS dos combustíveis também, entre tantas e tantas outras coisas", afirma.

O que Bolsonaro não conta aos seguidores é que a redução dos impostos sobre os mais ricos – feita em importações de jet ski, por exemplo – causou um rombo de R$ 795 bilhões no teto de gastos, que não foi contestado pelo mercado, alinhado à política neoliberal de Paulo Guedes.

Somente em 2022, quando tomou uma série de medidas eleitoreiras de política social – com a distribuição de bônus até a taxistas e caminhoneiros –, o rombo chegou a R$ 198 bilhões. O montante teve que ser coberto por Lula com a PEC do Orçamento, negociada com o Congresso antes mesmo de assumir a Presidência.

O resultado das isenções de Bolsonaro aos ricaços, juntamente com a explosão da Selic por Roberto Campos Neto, foi o aumento da dívida pública federal em 2022 para o recorde histórico de R$ 6 trilhões.

Por fim, o ex-presidente usa uma argumentação risível para se comparar a Trump na exploração do petróleo, a cargo das transnacionais do setor que patrocinam golpes e guerras e colocam em risco a vida no planeta com a devastação ambiental.

"E a última do Trump, ele falou é a questão de energia. Vai explorar petróleo em área indígena nos EUA e área de proteção ambiental também. Aqui no Brasil, nós aqui acertamos a questão de energia para que possamos explorar em Santa Quitéria urânio naquela região. Também pro Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, nós acertamos a exploração de lítio. Também na região de Foz do Rio Madeira começamos as nossas tratativas indo buscar alternativas para explorar fertilizantes que tem em abundância. Não precisamos ficar reféns de outros países", diz Bolsonaro, misturando assuntos e ignorando que fechou a principal fábrica de fertilizantes da Petrobras, no Paraná, para favorecer os trustes do petróleo. A produção na Araucária Nitrogenados (Ansa) foi retomada no governo Lula.

A comparação esdrúxula com Trump termina com o ex-presidente falando que "nosso país tem tudo para dar certo".

Bolsonaro acerta apenas nessa última frase. O Brasil tem tudo para dar certo quando prender golpistas que servem aos interesses neoliberais e buscam manipular a população com comparações ridículas para defender os ricaços do planeta.

Parafraseando a frase cunhada em 1992 por James Carville, então estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton: "É o Consenso de Washington, estúpido", a cartilha que reuniu as premissas neoliberais para destruir as economias em desenvolvimento, criando um colonialismo financista no planeta.

 

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