OPINIÃO

A importância do conhecimento ético na integração de IA na educação – Por Ana Beatriz Prudente Alckmin

Devido às questões éticas geradas pela IA, os professores precisam ter um conhecimento específico para avaliar o uso dessas ferramentas e plataformas quando aplicadas à educação

Créditos: Imagem gerada por inteligência artificial
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Atualmente, a tecnologia está se expandindo de diversas maneiras, e uma das inovações mais recentes é a inteligência artificial (IA). Esse avanço tem gerado amplas discussões sobre seu impacto na sociedade e as intenções daqueles que a utilizam. A preocupação aumenta diante do uso inadequado da IA para aplicar golpes e disseminar fake news, o que levanta questões éticas e de segurança. Esses desafios destacam a necessidade de regulamentação e educação para garantir que a IA seja utilizada de forma responsável e benéfica para todos.

Essa desconfiança torna a implementação da IA na educação um desafio significativo. Para superá-lo, é fundamental que os professores estejam preparados para integrar e gerenciar essa tecnologia em sala de aula. Isso requer não apenas um conhecimento aprofundado das ferramentas de IA disponíveis, mas também a capacidade de aplicá-las de maneira que enriqueça o aprendizado dos alunos. A formação continuada dos educadores em competências tecnológicas e pedagógicas é essencial para assegurar que a IA seja utilizada de forma ética e eficaz, promovendo um ambiente educacional seguro e inovador. Além disso, a criação de políticas claras e diretrizes sobre o uso da IA nas escolas pode ajudar a mitigar preocupações e fortalecer a confiança de todos os envolvidos no processo educativo. Dessa forma, a tecnologia pode ser aproveitada como uma aliada no ensino, ampliando as possibilidades de aprendizado e preparando os alunos para um futuro cada vez mais digital.

Devido às questões éticas geradas pela IA, os professores também precisam ter um conhecimento específico para avaliar o uso dessas ferramentas e plataformas quando aplicadas à educação. O conhecimento tecnológico permite que os professores avaliem melhor as decisões tomadas pela IA, mas apenas esse conhecimento não é suficiente para a integração eficaz das ferramentas baseadas em IA na educação. Para que a IA seja implementada de maneira eficiente, o conhecimento tecnológico precisa ser combinado com o conhecimento pedagógico.

Com base nas possibilidades pedagógicas e tecnológicas das ferramentas de IA, um estudo apresentado no artigo científico "Towards Intelligent-TPACK: An empirical study on teachers' professional knowledge to ethically integrate artificial intelligence (AI)-based tools into education", de Ismail Celik, sugere o modelo denominado Intelligent-TPACK para apoiar os professores nessa jornada.

O modelo TPACK é uma teoria que descreve as habilidades e os conhecimentos necessários para que os professores ensinem de forma eficaz utilizando tecnologias educacionais. Ele propõe que os professores dominem três áreas de conhecimento: conteúdo (o assunto que está sendo ensinado), pedagogia (as estratégias e métodos de ensino) e tecnologia (as ferramentas e recursos utilizados na aula). Além disso, o modelo sugere que os professores compreendam como essas três áreas se inter-relacionam, a fim de usá-las de maneira eficaz na sala de aula.

Dessa forma, o modelo Intelligent-TPACK oferece uma estrutura para os professores refletirem sobre como a IA pode ser integrada ao processo de ensino e aprendizagem de maneira eficaz e significativa. Ele auxilia os educadores no desenvolvimento de habilidades e conhecimentos para usar as tecnologias de IA de forma crítica e reflexiva, promovendo a qualidade do ensino e aprimorando os resultados de aprendizagem dos alunos.

O que é a Inteligência Artificial?

A inteligência artificial (IA) é um campo da ciência da computação dedicado ao desenvolvimento de sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente requerem inteligência humana. Essas tarefas incluem, entre outras, raciocínio, aprendizagem, reconhecimento de padrões e tomada de decisões. A IA pode ser classificada em duas vertentes principais: a inteligência artificial forte e a fraca.

A inteligência artificial forte busca replicar a forma como o cérebro humano funciona, tentando simular o raciocínio humano e os processos de pensamento. Essa abordagem visa criar máquinas que não apenas imitem o comportamento humano, mas também possuam um processo de raciocínio semelhante ao nosso. Por outro lado, a inteligência artificial fraca foca nos resultados, ou seja, na capacidade do sistema de tomar decisões inteligentes, independentemente de como essas decisões são alcançadas.

Um marco importante no desenvolvimento da IA foi o teste de Turing, proposto por Alan Turing em 1950. Esse teste avalia a capacidade de uma máquina de exibir um comportamento inteligente indistinguível do comportamento humano. Para passar no teste de Turing, uma máquina precisa ser capaz de processar a linguagem natural, representar conhecimento, raciocinar automaticamente e aprender com as interações. Essas habilidades permitem que o sistema responda de maneira coerente e apropriada às perguntas feitas por um examinador humano.

Historicamente, o termo "inteligência artificial" foi cunhado na década de 1950, mas as ideias que fundamentam o campo já existiam há séculos, com raízes na filosofia, lógica, matemática e outras disciplinas. Um dos primeiros trabalhos significativos na área foi a criação de neurônios artificiais na década de 1940, que simulavam o funcionamento dos neurônios humanos. Na mesma época, John McCarthy organizou um encontro que reuniu pesquisadores de diversas áreas para discutir questões relacionadas à inteligência artificial, consolidando o termo e o campo de estudo.

As aplicações da inteligência artificial são vastas e impactam diversas áreas. Atualmente, vemos a IA sendo utilizada em veículos autônomos, sistemas de recomendação, jogos e diagnósticos médicos, entre outros. Veículos autônomos, por exemplo, utilizam algoritmos de IA para navegar e tomar decisões em tempo real, enquanto sistemas de recomendação coletam dados sobre as preferências dos usuários para sugerir filmes, músicas e produtos.

Os sistemas especialistas foram uma das primeiras aplicações práticas da IA, permitindo que computadores resolvessem problemas específicos em áreas como química e medicina, representando o conhecimento de especialistas humanos e aplicando-o para tomar decisões. Esses sistemas reduziram significativamente o espaço de busca por soluções, demonstrando a eficácia da IA em contextos práticos.

A inteligência artificial é um campo dinâmico e em constante evolução, com potencial para transformar inúmeras indústrias e aspectos do nosso cotidiano. O desenvolvimento de sistemas capazes de agir e raciocinar de forma inteligente continua a avançar, impulsionado por pesquisas em aprendizado de máquina, representação de conhecimento e processamento de linguagem natural.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum

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