Há sete anos, no dia 14 de março, o Brasil perdeu uma das suas mais valiosas defensoras dos direitos humanos. Uma mulher negra, favelada e vereadora. Marielle não vive, Marielle foi assassinada. O crime brutal cometido contra ela e Anderson, foi mais um reflexo da violência e do genocídio que diariamente afeta as nossas periferias, nossas mulheres, nossas mães.
Sendo uma mulher negra, favelada e vereadora, entendo a dor, a revolta e a resistência de Marielle, que, como nós, sonhou com um país onde as favelas não fossem apenas lembradas na eleição, mas fossem reconhecidas como espaços de vida, cultura, e luta. Marielle estava ali, ocupando um espaço de poder que é negado historicamente a mulheres como ela, como eu. Mas, mesmo assassinada, Marielle permanece em nossas ações, no nosso grito por justiça e na nossa luta por igualdade.
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Ocupando uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), sei que estou fazendo história. Não porque sou especial, mas porque é uma vitória para todas as mulheres negras e faveladas que, assim como eu, são silenciadas ou ignoradas. A minha presença na CMSP é um reflexo da luta e da resistência de muitas que vieram antes de mim.
É um absurdo que, em 450 anos de existência da CMSP, apenas sete mulheres negras tenham sido eleitas. Um retrato da exclusão racial e de gênero que permeia todos os espaços de poder. Uma exclusão histórica que nos atravessa. Um reflexo de uma sociedade que até hoje não se reconhece nas vozes das negras.
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Dia 14 de março, a dor é imensa e a luta, mais urgente do que nunca. Somos sementes de Marielle, e isso floresceu. Suas palavras, suas ideias e sua coragem continuam a crescer nas nossas ruas, nas nossas favelas e nos nossos corações. Ao longo desses sete anos, temos feito da sua memória força para resistir, para organizar e para transformar as nossas comunidades. Marielle nos ensinou a força da verdade e da luta incansável por justiça.
Mais do que nunca precisamos lembrar que Marielle é uma revolução que nos desafia a continuar o seu legado, a cobrar as respostas que nos faltam e a exigir um futuro mais justo para todas e todos. Ela sempre acreditou que a favela deveria estar no centro das decisões políticas e sociais. É o que temos feito e precisamos continuar fazendo. Queremos ser parte de um Brasil que respeita, valoriza e garante direitos para todas as pessoas, especialmente aquelas que mais precisam.
Hoje, 14 de março, completamos 2.498 dias sem Marielle. Seguimos firmes na luta, sem descanso, até que Marielles, Kathlens e Ágathas possam viver sem medo, livres da violência do Estado e das balas da polícia. Nossos mortos têm voz, e seguimos exigindo justiça.
Não pararemos enquanto a favela não tiver poder. Não descansaremos até que ela esteja no orçamento da cidade mais rica do país. Seguiremos marchando com a força e a coragem de Marielle porque sua luta vive em nós. Seu legado continuará!